segunda-feira, 28 de julho de 2014

Lição 5 O Cuidado ao Falar e a Religião Pura.

Lição 5       3 de Agosto de 2014

O Cuidado ao Falar e a Religião Pura

TEXTO ÁUREO


"[...] Mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar"   (Tg 1.19).

VERDADE PRÁTICA


As nossas palavras podem, ou não, evidenciar a sabedoria de Deus.

HINOS SUGERIDOS 101, 185, 376

LEITURA DIÁRIA


Segunda – Êx 19.5      Ouçamos a voz do Senhor
S
Terça – Ec 3.7                Tempo de falar e de calar
T
Quarta – Ef 4.26,29           A ira é uma porta para o pecado
Q
Quinta – 1 Pe 1.23-25          Gerados em amor pelo poder da Palavra
Q
Sexta – Sl 68.5                 Deus é Pai dos órfãos e juiz das viúvas
S
Sábado – Ef 1.3-6                Santos e irrepreensíveis em amor
S

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE



Tiago 1.19-27

INTERAÇÃO


Ouvir não é uma atitude fácil. Demanda tempo, paciência, perseverança e concentração. O ato de ouvir é uma obra doadora. Quem ouve uma pessoa, doa o seu tempo e a sua atenção. A princípio, quem ouve pode aparentar uma atitude passiva, mas na verdade esta pessoa realiza uma intensa atividade de pensar e de raciocinar. E tratando-se da Palavra de Deus, a atividade intensa de alimentar a própria alma. Então, quando o crente abrir a sua boca para falar, falará de maneira sábia e poderosa. Portanto, as Escrituras nos aconselham a ouvir mais e a falar menos; para quando articularmos as palavras, o fazermos com autoridade e coerência.

OBJETIVOS



Após a aula, o aluno deverá estar apto a:
Aprender sobre estar "pronto para ouvir" e "tardio para falar".
Compreender a importância de ser praticante, e não só ouvinte.
Saber qual é a religião pura e verdadeira.



ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Prezado professor, para concluir a lição desta semana, reproduza a seguinte pergunta na lousa: "O que é religião?" Peça aos alunos para responderem à pergunta. Ouça-os com atenção. Em seguida, de acordo com o auxílio da palavra-chave, defina para a classe o termo "religião". Logo depois, leia com os alunos Tiago 1.27 e explique o valor da verdadeira religião de acordo com o ensinamento de Tiago, o meio-irmão do Senhor. Conclua a lição afirmando que a verdadeira religião em Deus não consiste em ritual e regra humana, mas em vida de amor a Deus e ao nosso próximo. Boa aula!

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Na lição dessa semana vamos estudar a maneira adequada de o crente usar um instrumento maravilhoso, mas ao mesmo tempo, potencialmente perigoso: a fala. Este assunto está interligado à temática da verdadeira religião que agrada a Deus. O fenômeno da fala é uma das fontes de expressão do pensamento humano, como também é responsável pelo processo de comunicação e de formação da identidade cultural de uma sociedade. As pessoas querem falar às outras àquilo que pensam. O crente, todavia, tem o compromisso de não apenas falar o que pensa, mas agir como propõe o Evangelho. 

I. PRONTO PARA OUVIR E TARDIO PARA FALAR (Tg 1.19,20)

1. Pronto para ouvir. Para alguns crentes, a pessoa sábia é a que sempre tem algo a falar. Ouvir é um empreendimento trabalhoso e, por isso, ignorado por muitos. Diferentemente, as Escrituras admoestam-nos a ser prontos para ouvir. No versículo 19, Tiago introduz o seu ensino sobre o "ouvir" e o "falar" destacando a expressão sabei isto. Com essa expressão, ele demonstra a sua preocupação pastoral com os seus leitores. Outro termo no versículo 19 chama-nos a atenção: pronto. No grego, a palavra significa "rápido", "ligeiro" e "veloz". Ali, o escritor sacro incentiva-nos a estar disponíveis a ouvir. É uma atitude que depende de uma disposição e também da decisão em ouvir o outro. A exemplo do profeta Samuel, que desde a sua infância foi ensinado a ouvir a voz divina (1 Sm 3.10; 16.6-13), o povo de Deus deve persistir em escutar os desígnios do Pai, pois nesses últimos dias têm Ele falado através do seu Filho, o Verbo Vivo de Deus (Hb 1.1; cf. Jo 1.1).
2. Tardio para falar. Quem ouve com atenção adquire a rara capacidade de opinar acerca de qualquer assunto. É justamente por isso que a Carta de Tiago exorta-nos a ser tardios para falar (v.19). Uma palavra dita sem pensar, fora de tempo, e sem conhecimento dos fatos, pode provocar verdadeiras tragédias. Quem nunca se arrependeu de ter falado antes de pensar? Diante de Faraó, o imperador do Egito Antigo, o patriarca José aproveitou sabiamente um momento ímpar em sua vida. Antes de responder às perguntas sobre os sonhos do monarca, José as ouviu e refletiu sobre elas. Em seguida, orientado pelo Senhor, respondeu sabiamente Faraó (Gn 41.16). Temos de aprender a refletir sobre o que vamos dizer e falar no tempo certo. Pese bem as palavras, e ore como o rei Davi: "Põe, ó SENHOR, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios" (Sl 141.3).
3. Controle a sua ira. Uma terceira admoestação encontrada no versículo 19 da carta de Tiago expressa o seguinte: tardios para se irar. A ira é um profundo sentimento de ódio e rancor contra a outra pessoa. Uma vez descontrolada, ela não produz a justiça de Deus, mas uma justiça segundo o critério da pessoa que sofreu o dano: a vingança. A Palavra de Deus não proíbe o crente de ficar indignado contra a injustiça (Is 58.1,7; Lc 19.45). Contudo, ao mesmo tempo, a Bíblia estabelece limites para o nosso temperamento não se achar irrefletido, descontrolado, deixando-nos impulsivamente irados (Ef 4.26; Pv 17.27). O cristão, templo do Espírito Santo, tem de levar a sua mente cativa a Cristo (2 Co 10.5) e manifestar o fruto do Santo Espírito: o domínio próprio (Gl 5.22 - ARA). Fuja da aparência do mal. Tenha autocontrole.

SINOPSE DO TÓPICO (1)

À luz da Palavra de Deus aprendemos que o crente deve ser tardio para falar e pronto para ouvir. Por isso, a ira é um sentimento que deve ser controlado pelo crente.

II. PRATICANTE E NÃO APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)

1. Enxertai-vos da Palavra (21). A Palavra de Deus é o guia maior do crente. E para que a Palavra atinja efetivamente o coração do servo de Deus, este precisa acolhê-la com pureza e sinceridade. Isto é, firmar uma posição radical rejeitando toda a imundícia e a malícia mundana (v.19); recebendo o Evangelho com mansidão e sobriedade. Leia os Evangelhos! Persiga em conhecer a mensagem divina de Cristo Jesus, mas, igualmente, abra o coração para ouvir a voz do Senhor.  
2. Praticai a Palavra (22-24). O escritor sacro não tem interesse em que o leitor da epístola apenas acolha a Palavra no coração, antes deseja que o crente a pratique (v.22). Não pode haver incoerência entre o que se "diz" e o que se "faz" para quem é discípulo de Jesus. Se amar a Deus e ao próximo são os maiores dos mandamentos, então, devemos porfiar em vivê-los. Quem acolhe a Palavra  rejeita tudo o que é imundo, maligno, perverso, injusto, dissimulado, insincero. Não apenas isso, mas igualmente abre a porta do coração para "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama" (Fp 4.8). Do contrário, seremos identificados com o homem que contempla a própria imagem no espelho e depois se retira esquecendo-se completamente dela. Há pessoas que olham para o Evangelho e ouvem, mas sem memória e perseverança, não dão nenhuma resposta ou sequência ao chamado de Jesus  Cristo (vv.23,24). Deus nos livre desse engodo! 
3. Persevere ouvindo e agindo (v.25). Tiago conclui este ponto da epístola da seguinte maneira: Quem é cuidadoso para com a lei, nela persevera; não apenas ouvindo-a negligentemente, mas praticando-a zelosamente. Felicidade plena em tudo é a promessa para quem ousa viver o Evangelho cônscio das implicações espirituais e das consequências materiais. Alguém, um dia, disse que os evangélicos são poderosos no discurso, mas fracos na prática do mesmo discurso. Falamos, mas não vivemos! Precisamos analisar nossa vida em amor e sinceridade. Entremos na presença de Deus com o rosto descoberto, coração rasgado e alma despida. No tempo em que vivemos não dá para passar despercebidos na dissimulação, ou seja, fingindo ser algo que na verdade não somos.

SINOPSE DO TÓPICO (2)

O crente deve encher-se da Palavra, praticar a Palavra e perseverar na Palavra.

III. A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)

1. A falsa religiosidade. Apesar de algumas pessoas se considerarem religiosas por frequentarem um templo, as Escrituras revelam o significado da verdadeira religião. Ela reprova todo o ativismo religioso feito em "nome de Deus", mas em detrimento do próximo. Aqui, a língua do crente tem um papel importante. Tiago diz que é possível enganar o próprio coração quando deixamos de refrear a nossa língua. Ora, o coração é a  sede dos desejos, dos sentimentos e das vontades. E a boca só fala daquilo que o coração está cheio (Mt 12.34). É incompatível com o Evangelho, viver a graça de Deus sem mergulhar no Reino dEle. Quem não se entrega inteiramente ao Senhor pratica uma religião vã e falsa. Não podemos ser como a pessoa capaz de fazer uma belíssima oração por um faminto, e depois despedi-lo sem lhe dar um único grão de arroz.
2. A verdadeira religião (v.27). A religião pura, santa e imaculada, de acordo com o autor sacro, é suprir a necessidade do próximo: "Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações". O problema hoje é que a nossa atenção, quase sempre, está voltada para o prazer pessoal. Temos os olhos fechados para os necessitados que na maioria das vezes cultuam a Deus, assentados, ao nosso lado. Lembremo-nos da vida de Jesus Cristo! Ele não apenas olhou para os marginalizados, mas foi até eles e os acolheu em amor (Mt 25.35-45). A religião que agrada a Deus é aquela cujos discípulos professam e bendizem o seu nome, visitando e acolhendo os necessitados nas aflições.
3. Guardando-se da corrupção (v.27). Além de recomendar a obrigatoriedade de visitarmos os órfãos e as viúvas, a Epístola de Tiago menciona outro aspecto da verdadeira religião: guardar-se da corrupção do mundo. A religião falsa está mergulhada no egoísmo, na corrupção e nos interesses maléficos do sistema pecaminoso. A igreja deve manter-se longe da corrupção. Estamos no mundo, mas não fazemos parte do seu sistema! O Evangelho nada tem com os seus valores e preceitos

SINOPSE DO TÓPICO (3)

A verdadeira religião está em olharmos para o necessitado, irmos até ele e acolhê-lo.

CONCLUSÃO

Nessa semana aprendemos sobre o cuidado que devemos ter com o ouvir e o falar. Estudamos também acerca da religião pura e imaculada que alegra a Deus: visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações e guardarmo-nos da corrupção do mundo. Que os nossos ouvidos estejam prontos para ouvir, a nossa língua para falar sabiamente e a nossa vida para praticar tudo quanto aprendemos do Evangelho. Embora estejamos em um mundo turbulento, devemos exalar o bom perfume de Cristo por onde formos (2 Co 2.15).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICOI


Subsídio Histórico-Cultural
"Se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era (1.23,24). O verbo traduzido como 'contempla' é katanoounti, que indica 'um escrutínio atento'. Esta pequena alegoria descreve uma pessoa que encontra um espelho e olha intensamente para si mesma.
A alegoria depende de uma questão simples. Por que as pessoas olham-se no espelho? Embora alguns possam simplesmente desejar admirar-se, na maioria dos casos nós olhamos no espelho para guiar nossos atos. Como devo pentear o meu cabelo? Meu rosto está sujo? E nós agimos com base no que vemos. Mas o que acontece se olharmos com atenção, e nos afastarmos, simplesmente esquecendo a sujeira em nosso rosto, ou aquela mecha que fica em pé de maneira tão selvagem? Então o espelho terá provado ser totalmente irrelevante e nosso exame completamente sem significado. Da mesma maneira, Tiago argumenta que olhar para a Palavra de Deus e não agir de acordo com o que vemos ali significa que o que encontramos nas Escrituras não tem significado para nós. Não é a pessoa que conhece o que diz a Bíblia que é abençoada, mas sim a pessoa que faz o que a Bíblia diz (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.514).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICOII


Subsídio Teológico
"A Religião Pura e Imaculada (1.26,27). Fazendo eco com seu conselho anterior de ser 'tardio no falar' (1.19), e antecipando discussões mais detalhadas do discurso humano que aparecerão posteriormente (3.2-12; 4.11-16), Tiago revela, nesse ponto, que um dos sinais para se saber se o comportamento religioso de alguém é ou não agradável a Deus, é a capacidade de 'manter a língua sob rédeas curtas'.
Nesse conselho ele inclui a proibição contra discursos vulgares ou mal intencionados, porém os dois exemplos de discurso impróprio, colocados imediatamente após essa declaração, ilustram outras ofensas da linguagem humana que devem ser refreadas pelos cristãos.
Os crentes devem estar seguros de que suas palavras e suas ações sejam consistentes umas com as outras. Tiago ilustra esse problema, ao lembrar a seus leitores que já ofenderam a honra das pessoas que estão a seu lado, e que também acreditam que Deus está especialmente preocupado com o uso de uma linguagem que mostre favoritismo dentro da comunidade da fé, o que destrói a unidade da vontade de Deus (2.1-5).
O discurso humano tanto pode ser usado como sinal dos cuidados de uma piedade religiosa como serve até de pretexto para a falta da prática daqueles atos que Deus poderia desejar (2.15,16). Assim, os crentes deveriam falar apenas daquilo que estão desejosos de colocar em prática: devem 'praticar o que pregam', e não cair em 'vazios religiosos'. Uma pessoa que não controla sua língua, seu modo de falar, engana a si próprio, e sua religião não serve para nada (v.26).
[...] Aos olhos de Deus, uma religião pura e imaculada tem tanto a ver com o que fazemos como com o que deixamos de fazer. Em parte por ter suas raízes nos movimentos de renovação da santidade, em parte por causa de sua rejeição ao 'movimento do evangelho social' do início do século vinte, os pentecostais foram rápidos em realçar a santidade das pessoas e lentos ao se pronunciar a respeito da responsabilidade social. Tiago nos lembra que isso não é uma questão de 'fazer isto ou aquilo' mas de fazer 'tanto isto como aquilo'" (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.1669,70).



BIBLIOGRAFIA SUGERIDA


RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

SAIBA MAIS


Revista Ensinador Cristão CPAD
 nº 59, p.38.

EXERCÍCIOS


1.  Tiago introduz o seu ensino sobre o "ouvir" e o "falar" destacando a expressão "sabei isto". O que ele deseja demonstrar com essa expressão?
R. Com essa expressão, ele demonstra a sua preocupação pastoral com os seus leitores.

2. Segundo a lição, o que é ira?    
R. A ira é um profundo sentimento de ódio e rancor contra a outra pessoa.

3. Qual é o guia maior do crente?
R. A Palavra de Deus.

4. O que ocorre quando não nos entregamos inteiramente ao Senhor?
R. Quem não se entrega inteiramente ao Senhor pratica uma religião vã e falsa.

5. Segundo a lição, qual é a religião que agrada a Deus?
R. A religião que agrada a Deus é aquela cujos discípulos professam e bendizem o seu nome, visitando e acolhendo os necessitados nas suas aflições.


Lição 5 - O cuidado com a família de um líder

Lição 5 - O cuidado com a família de um líder



LIÇÃO 5 – 03 de agosto de 2014 – Editora Betel

         O cuidado com a família de um líder

TEXTO AUREO

“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente”. lTm 5.8

VERDADE APLICADA

Cuidar da família é dever de todos. Sucesso algum será bem vindo se não existe uma família para compartilhar.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

 Apontar os principais cuidados de um líder com sua família;
 Descrever o perfil que a esposa do líder deve ter;
 Descrever como deve ser o cuidado dispensado aos filhos.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

lTm 3.2 - Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
lTm 3.3 - Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;
lTm 3.4 - E que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito
lTm 3.5 - (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?);
Tt 1.6 - Alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados.

lTm 5.8 Deixar de cumprir com o cuidado básico e o sustento de um membro da família é a mesma coisa que negar a fé, pois ninguém pode afirmar amor e fidelidade a Deus e, ao mesmo tempo, negligenciar sua família (Mt 5.46,47). Fazer isto torna a pessoa pior do que o infiel,pois até mesmo os adoradores de ídolos sem fé em Cristo entendiam a responsabilidade de cuidar das necessidades da família. Existem algumas obrigações para com aqueles que nos deram a vida que simplesmente devem ser honradas. As nossas famílias forneceram um espaço no qual nós podemos demonstrar a qualidade do nosso amor por Deus. João fez uma severa repreensão a qualquer crente que ousa declarar que ama a Deus, mas, como diz Paulo, não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família. O crente que negligencia as responsabilidades humanas mais básicas, em efeitos práticos, negou a fé.
Fonte: Comentário Bíblico de Aplicação pessoal

Introdução
Governar bem a própria casa é uma ordenança para qualquer pessoa que almeja o ministério, sem isso, não haverá enquadramento nem chances para liderar. É evidente que não existem famílias perfeitas, mas disciplina e educação fazem da vida exemplos a serem copiados. Observe o perfil de um líder descrito por Tito: “Alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem sejam insubordinados”. Analisemos alguns cuidados que um líder deve ter em relação a sua família:

OBJETIVO
 Apontar os principais cuidados de um líder com sua família;

1. Cuidados a serem demonstrados
A casa de Deus deve ser uma extensão da casa de um líder cristão. A sua vida doméstica deve ser tão inspiradora que o motivo dele estar exercendo sua liderança na igreja seja o exemplo de seu cuidado dispensado a sua própria família (lTm 3.12 O diácono deve ser marido de uma só mulher e governar bem seus filhos e sua própria casa.). Não é difícil se esquecer de casa por estar comprometido com o ministério. Muitos líderes são reprovados nesse quesito, e, por esse motivo, muitos casamentos também se dissolvem. A ordem de propriedades é esta: Deus, família, trabalho e igreja. Observe que Deus começa e termina essa ordem, por isso não há o que temer. Quando saímos dessa sequência, os problemas certamente irão nos encontrar.

1.1. Cuidado espiritual no lar
O primeiro lugar onde se deve liderar é em casa. O marido deve exercer a prerrogativa de ser o pastor e sacerdote do seu lar (Ef 5.23 pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador.). É importante que cultivem o culto doméstico com afinco, desenvolvendo um clima agradável e sem cobranças domésticas nesse momento. Dependendo da idade dos filhos, é bom providenciar livros e Bíblia ilustrados para o momento devocional em família. As histórias devem ser contadas com criatividade dando, porém, sempre a entender a realidade delas, e não como contos. Os pais não devem apenas mandar seus filhos para escola dominical, e sim ir com eles (Pv 22.6 Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos a não se desviará deles.). Às vezes, não caímos na real para ver que somos líderes de todos da igreja, menos de nossa família. Temos tempo para gabinete e aconselhamento, mas nos falta tempo para observar o que está rondando nossa casa ou se infiltrando em nossos lares. O culto doméstico é uma prática esquecida por muitos, todavia, sendo posto em uso, muitos problemas, e até mesmo, a visão dos filhos em relação aos pais mudaria.

1.2. Cuidado afetivo com a esposa e os filhos
O primeiro e maior presente que o líder cristão deve doar para os seus é ele mesmo. Foi isso que Deus nos fez, doou a si mesmo, Ele é “Deus conosco” (Mt 1.23; Jo 1.14). O vocacionado ao ministério cristão deve ir além do superficial, deve desenvolver um relacionamento de alma profundo. Sua melhor maneira de dar carinho é dando atenção à esposa, passando tempo com ela. Quanto ao diálogo, deve o líder conversar mais que as coisas cotidianas e notícias; devem abrir seus corações, seus sentimentos, falar de suas ansiedades e sonhos. Declarar seu amor (Ct 2.10 O meu amado falou e me disse: Levante-se, minha querida, minha bela, e venha comigo.). Quanto aos filhos, deve ouvir-lhes as histórias mesmo que isso lhe pareça penoso, mostrar real interesse com a forma de olhar e no tom de voz quando fala.

1.3. Cuidado com a disciplina
O amor paterno deve ser demonstrado sempre pela disposição em corrigir os filhos, sem, contudo, irritá-los e desanimá-los (Cl 3.21 Pais, não irritem seus filhos, para que eles não desanimem.). Na atualidade, muitos educadores escolares estão sofrendo com a falta de limites demonstrada pelas crianças nas escolas, isso porque os pais estão deixando seus filhos para que as escolas eduquem. A correção deve ser aplicada com amor desde cedo, enquanto a criança está em formação, nessa fase é comum que façam tolices. Mas é nessa época que ainda há esperança. Por isso, o ensino, admoestação, exortação, a presença e o amor se fazem necessários (Pv 19.18 Discipline seu filho, pois nisso há esperança; não queira a morte dele.; 22.15).
O vocacionado em particular deve ter: “os filhos em sujeição, com toda modéstia” (lTm 3.4). Corrigir os filhos é tão importante quanto alimentá-los, a correção traz recompensa no futuro: “Corrige o teu filho, e te dam descanso, dará delícias à tua alma” (Pv 29.17). Essa recompensa também inclui livrar a alma do filho do inferno (Pv 23.13-14).

OBJETIVO
 Descrever o perfil que a esposa do líder deve ter;

2. Recomendações à esposa do líder
Nos passos de um homem bom sempre estará uma boa mulher, e, é claro, em todo tempo ao seu lado (Sl 128a). A mulher é peça fundamental no ministério do marido, por isso, ela é uma dádiva de Deus para ajudá-lo. Ela deve, de igual modo, estar consciente de sua responsabilidade nessa missão, pois, como esposa, é parte vital para o sucesso ministerial de seu marido. Na primeira carta a Timóteo 3.11, existem três recomendações que comentaremos a seguir:

2.1. Mulheres respeitáveis em tudo
É preciso compreender que a esposa de um líder nem sempre será líder como ele numa organização (lTm 2.13-15 Porque primeiro foi formado Adão, e depois Eva. E Adão não foi enganado, mas sim a mulher que, tendo sido enganada, tornou-se transgressora. Entretanto, a mulher  será salva dando à luz filhos se elas permanecerem na fé, no amor e na santidade, com bom senso.). Há casos de mulheres que trabalham em igrejas e são notoriamente mais influentes que seus maridos. Primeiro, porque a elas foi concedido o ministério; segundo, porque alguns maridos não possuem vocação ministerial ou ainda não se converteram. Mas há também líderes que têm esposas que somente os acompanha, porém, por se tratar de ser a esposa de um líder cristão, ela deve ser uma mulher respeitável, digna de consideração, venerável como a Bíblia diz: “a esposa respeite o marido” (Ef 5.33 Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito.), é dessa forma que ela alcançará respeitabilidade em seu lar e igreja. Respeitável significa: “que se dá ao respeito - não dada a falatórios”. Enfim, uma mulher deve ser respeitável em todas as suas relações, e principalmente, em relação ao seu marido.

2.2. Mulheres não maldizentes
Maldizente é aquela que fala mal dos outros, dada a fazer fofocas (lTm 3.13 Os que servirem bem alcançarão uma excelente posição e grande determinação na fé em Cristo Jesus.). A expressão grega usada por Paulo nesse texto é uma advertência para que as esposas não tenham esse adjetivo “me diabolous”, que pode ser traduzida por: “não caluniadoras”. Isto é, que não atribuam falsamente a alguém determinada coisa. Nesse caso, a vítima passa a ter sua imagem desfigurada e sua reputação comprometida até que se descubra a verdade, que mesmo após ser dita, não será suficiente para reparar os danos causados por uma semente tão maligna. E preciso muito cuidado, pois quando essa “fofoca” parte dos lábios da esposa de um líder, a liderança fica minada e prestes a desmoronar-se.

2.3. Mulheres temperantes e fiéis
Quando se fala de liderança, fala-se de um conjunto. Embora uma mulher não governe completamente com seu esposo, sua harmonia e compreensão para com o ministério de seu marido são imprescindíveis (Ef 5.22 Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor,). Uma pessoa pode amar a outra, mas isso não significa que irá acompanhar na mesma visão. Hoje muitos lares estão sofrendo por causa dessa indiferença, pessoas que se casaram com diferentes visões. Os membros de uma igreja não abraçam um líder solitário e mal resolvido sentimentalmente, afinal que espelho seria ele para as famílias? Mesmo tendo um chamado visível, esse será incompleto pela ausência de um cônjuge. Família é a credencial de um líder.
Uma esposa egoísta ou imatura não terá muita paciência em esperar seu marido atender as pessoas depois do culto ou das sessões de aconselhamento. Uma mulher egoísta desejará o marido só para ela e não terá prazer de compartilhar as visitas, orações e responsabilidades dele. Uma mulher que não entende uma vocação ministerial não deve servir para futura esposa, pois ela será um estorvo no ministério do marido. A esposa de um líder deve estar disposta a suportar aquilo que chamamos de: “as dores do ministério”. Bom seria ver isso antes do casamento.

OBJETIVO
 Descrever como deve ser o cuidado dispensado aos filhos.

3. Cuidados com os filhos
Os pais devem ter o objetivo de reproduzir seu próprio comportamento em seus filhos (Gn 5.3). Quando Deus criou a humanidade, criou a sua imagem e semelhança (Gn 1.27), de modo a parecer e pensar como Ele, como também carregar suas características e suas qualidades, agindo como Ele. Do mesmo modo, os pais precisam seguir esses mesmos objetivos, semelhantemente, os filhos devem sentir Deus em seus corações. E, em seu cotidiano, responder ao chamado divino da mesma forma que seus pais.

3.1. Filhos bem disciplinados (lTm 3.4)
Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade.
Criar filhos sem disciplinas, além de ser uma atitude insana, acarretará em problemas para o futuro. Governar a própria casa não é tarefa fácil. Se de fato desejamos um mundo melhor, devemos criar filhos melhores. Não é comum em nossos dias vermos famílias reunidas à mesa (Sl 128.3 Sua mulher será como videira frutífera em sua casa; seus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da sua mesa.). Os tempos são outros, os pais trabalham demais para o sustento da família, as mães auxiliam com seus ganhos, e, por isso, quem educa os filhos são as creches e as babás eletrônicas. O resultado é claro, filhos de personalidades mescladas e de difícil comportamento perante os pais. A Bíblia nos ordena ensinar os filhos “no” caminho, isso é tarefa dos pais, não das escolas ou creches. Ela nos diz que se não ensinarmos “no” caminho, eles se desviarão (Pv 22.6). Deus não nos deu filhos para que outros desempenhem nosso papel de pais.
Um líder que enxerga a si mesmo como um pai, deve se sentir no dever de entesourar uma boa herança para seus filhos e netos (2Co 12.14). A satisfação de todo o bom pai é ver seus filhos crescerem e prosperarem em tudo o que fazem. Esse pai se empenha e se esforça para que o filho seja desprendido, e, sem o uso da força, alcance sucesso no futuro, isso porque recebeu de seu pai o alicerce necessário para ir adiante.

3.2. Filhos respeitosos
Seguido da disciplina, deve vir o respeito, que deve ser manifesto mutuamente pelos membros da família, revelando ordem e as coisas peculiares à fé. Ora, temos nas Escrituras dois exemplos muito bons: positivo, os descendentes dos recabitas, filhos de Jonadabe que honravam a palavra do pai (Jr 35.1-10); o exemplo negativo vem de Hofni e Finéias, filhos de Eli que não honravam a palavra do pai, e nem tampouco as coisas sagradas, por isso, eles sofreram severo juízo (ISm 2.12-16; 2.22-25). Temos dois assuntos muito importantes aqui: honra e desonra. Um traz bênçãos e vida fértil, o outro traz punição e morte. Observemos nossa geração! Muitos filhos hoje não completam maior idade morrendo antes do tempo. E por quê? Desobediência ao pai e à mãe. O mandamento diz que respeito é vida, e desonra é morte antecipada (Ef 6.1-3).

3.3. Filhos fiéis (Tt 1.6)
É preciso que o presbítero seja irrepreensível, marido de uma só mulher e tenha filhos crentes que não sejam acusados de
libertinagem ou de insubmissão.
A versão da Bíblia ARC traduz melhor esse texto, e o faz da seguinte maneira: “que tenha filhos fiéis”. Paulo era homem de visão extraordinária, de ideias amplas, mas sem meios termos. Os filhos deveriam ser fiéis à fé dos pais. Naqueles tempos, quando um chefe de família aceitava uma nova religião, todos da sua casa deveriam acompanhá-lo (At 16.31 Eles responderam: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa”.). Todavia, Paulo está impondo uma condição severa, que não era apenas aceitar a religiosidade do chefe da casa, mas que os outros pudessem ser testemunhas de que ali (no caso de Creta) eram filhos verdadeiros e fiéis nos negócios, nas obrigações sociais e na fé cristã.
Tem sido uma tragédia a realidade dos filhos de muitos obreiros em todos os níveis, e principalmente, líderes do círculo de oração. De um lado, tem faltado disciplina aplicada aos filhos, de outro, há extremos exigidos aos filhos como uma postura adulta e impecável, por serem filhos do pastor. Por causa disso, muitos têm deixado a igreja no decorrer dos anos.

Conclusão
Sendo a casa de Deus uma extensão da casa de um líder cristão, sua vida doméstica deve ser inspiradora. Todavia, os pais devem evitar pôr um fardo pesado demais sobre os filhos. Assim eles devem também lutar com muita sabedoria por seus filhos evitando um legalismo intransigente e a possibilidade de afastamento da fé deles. As cobranças que pesam sobre a família e principalmente sobre os filhos do pastor é muito grande e até injusta muitas vezes. Por isso o líder junto com a sua esposa deverão ter um sério equilíbrio nessa questão.

QUESTIONÁRIO

1. Qual a grande ordenança para quem almeja o ministério?
R. Que governe bem a sua própria casa.
2. Quais são principais cuidados a serem demonstrados por um líder em relação ao seu lar?
R. Cuidado espiritual, afetivo e com a disciplina.
3. De que forma a esposa alcançará respeitabilidade na família e igreja?
R. Respeitando o marido.
4. Por que os filhos de nossa geração morrem antes do tempo?
R. Por desonrarem seus pais.
5. Como deve ser aplicada a correção nos filhos?
R. Deve ser aplicada com amor desde cedo.

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 3º Trimestre de 2014, ano 24 nº 92 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor –LIDERANÇA CRISTÃ Conhecendo os segredos da liderança eficaz

Pastor Dr. Abner de Cássio Ferreira