segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Lição 05 - Mefibosete e o milagre da restituição e da honra

Lição 05 - Mefibosete e o milagre da restituição e da honra
 02 de novembro de 2014

TEXTO ÁUREO
“E Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado de ambos os pés; era da idade de cinco anos quando as novas de Saul e Jônatas vieram de Jizreel, e sua ama o tomou, e fugiu; e sucedeu que, apressando-se ela a fugir, ele caiu, e ficou coxo; e o seu nome era Mefibosete” 2Sm 4.4

VERDADE APLICADA
A Graça Divina não mira nossos defeitos nem tampouco nossas impossibilidades, ela não pede nenhum outro esforço que não seja a fé para que a aceitemos em nossas vidas.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
1. Esclarecer que Mefibosete era o filho de um rei que vivia no anonimato;
2. Destacar o poder da graça divina quando existe uma aliança feita por Ele;
3. Ensinar que Mefibosete tipifica uma geração que Deus deseja honrar em nossos dias.

Leituras complementares:
Segunda 2 Sm 4.4   Terça 2Sm 9.1-13   Quarta Pv 3.16     Quinta Pv 18.12     Sexta Hc 2.1-3    Sábado Rm 8.19

Textos de referência: 2Sm 9.6, 10-12
I
NTRODUÇÃO
A história de Mefibosete traz um misto de fracasso e de sucesso. Ele era o filho de Jonatas, o amigo de Davi. Jonatas era um homem sábio, que viu em Davi a unção de rei, sabia que seu próprio pai estava reprovado por suas ações e vida de desonra a Deus, e mesmo sendo o sucessor ao trono, renunciou porque via em seu amigo o homem escolhido para liderar os exércitos e a nação de Israel (1Sm 18.3-4).
1. Mefibosete, o filho de Jonatas
Antes da morte de Saul, Jonatas e Davi firmaram um pacto entre famílias. Jonatas o protegia das loucuras de seu pai Saul e se um dia ainda vivesse, Davi tornando-se rei cuidaria dele e de seus descendentes (1Sm 20.13-17).
1.1   Um trágico acidente
Para a tristeza de Daví, Jonatas e Saul morrem no mesmo dia, e Davi se tornou o rei de Israel. Era comum que um novo rei exterminasse a todos os familiares do antecessor para que não houvesse uma insurreição. Assim, quando a notícia da morte de Jonatas e Saul se espalhou, a desgraça veio a casa de Jonatas e seu filho Mefibosete de cinco anos de idade, além de perder seu pai e o futuro trono de Israel, ficou coxo de ambos os pés, porque no afã de salvá-lo da morte a ama que dele cuidava o derrubou (2Sm 4.4).
1.2   Mefibosete, o príncipe que vivia em Lo-Debar
Após a ascensão de Davi ao trono de Israel não se houve mais falar em Mefibosete, ele é levado para Lo-Debar e lá vive exilado e totalmente esquecido por todos, inclusive Davi. “Lo-Debar” significa: “sem pasto” um lugar deserto e árido, e “Mefibosete” significa: “semeador de vergonha”. Em Lo-Debar, Mefibosete viveu sem fé, sem esperança e sem Deus. Além de tudo isso, a pessoa que foi encarregada de cuidar dele usurpou todos os bens que possuía (2Sm 9.2-3). No deserto, com medo da morte, andando com dificuldades, e totalmente aquém da sociedade, Mefibosete não possuía qualquer perspectiva de mudança em sua vida, nem mesmo sabia da aliança entre Davi e seu falecido pai (2Sm 9.3-4,7).
1.3   Toda promessa tem um tempo para se cumprir
O tempo passou e Mefibosete cresceu no deserto de Lo-Debar longe de tudo que lhe era de direito. Até que o tempo de deus chegou e Davi se lembrou da aliança que havia feito com Jonatas. Observe as palavras de Davi. Ele usa o mesmo termo para graça e honra. “Benevolência”. E disse o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul para que eu use com ele da benevolência de Deus? (2Sm 9.3). E Ziba responde: “Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés”. Enquanto Davi intenciona honrar Mefibosete, o mal intencionado Ziba, que havia se apossado das terras do príncipe aponta seus defeitos. Ziba conhecia a generosidade do rei e mostrou o defeito para impedir o rei de abençoá-lo (Pv 3.16; 18.12). Isso nos recorda muitas situações do cotidiano não é mesmo?
2. Do deserto à mesa do rei
Existem pessoas que são mal intencionadas. Ziba não nega a existência, mas faz questão de apresentar o defeito, ele sabia que uma pessoa deficiente não poderia entrar no palácio, só não sabia que aquele estava marcado com o selo real e com o pacto da promessa. Na verdade, não importava o que Ziba via, mas o que o rei estava vendo.
2.1 Quando a surpresa bate à porta
Quando os guardas bateram à porta de mefibosete em Lo-Debar, deve ter sido para ele como o dia do juízo, pois sabia que sua vida estava em risco, e como não podia correr deve ter pensado: “agora chegou meu fim”. Mas o que para ele parecia o fim, para Deus era o começo de uma nova história. Ninguém pode impedir nossa honra quando chega o tempo do Rei nos honrar. Ele sabe nosso endereço, e quando bate a nossa porta não é para nos punir, mas sempre manifestar sua graça e misericórdia. Naquele dia Mefibosete entrou na carruagem real para dar adeus ao lugar de anonimato. Deus não se esquece da aliança eterna feita com o filho ao nosso respeito (Lc 22.20).
2.2 Quando a visão do rei prevalece
Mefibosete era conhecido pelo nome de Meribe-Baal (1Cr 8.34); 9.40). “Merbe” significa: “lutador” e “Baal” é uma palavra em hebraico que significa: senhor, lorde, marido ou dono. A visão que Jonatas tinha para o futuro de seu filho era que como um príncipe dele se tornasse um “lutador do Senhor”, esta seria a tradução mais correta para Meribe-Baal. Era comum entre os Israelitas dar um nome que representasse o caráter da pessoa, alguns desses nomes eram também colocados após a morte, representando seus feitos. Podemos destacar aqui quatro visões importantes sobre a vida de Mefibosete:
1) Jonatas o via como um lutador do Senhor;
2) Ziba o via como um aleijado impedido de entrar na presença do rei;
3) Ele se via como um cão morto;
4) Davi o via como um príncipe a quem deveria honrar e restituir (2Sm 9.3,7,8).

2.3 Os humilhados serão exaltados
“Trabalhar-lhe-ás, pois, a terra, tu e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que o filho de teu senhor tenha pão para comer; mas Mefibosete, filho de teu senhor, sempre comerá pão à minha mesa” (2Sm 9.10a). Ziba que tanto apontou defeito, agora foi destituído da função de senhor, tornando-se servo de Mefibosete, a quem havia lesado todos os anos em que viveu em Lo-Debar. A justiça de Deus pode parecer demorar, mas certamente chegará. Ziba é um tipo de Satanás, que rouba, nos envergonha, e se apossa do que temos. Porém, no dia em que deus nos honrar, ele terá que devolver tudo o que nos roubou, com juros e correções, e ainda nos verá sentados à mesa do rei (2Sm 9.9-11).
3. Jerusalém o lugar dos príncipes de Deus
A vida de Mefibosete vai de um extremo ao outro, ele começa no deserto, na sequidão, e no anonimato, e termina no palácio real assentado à mesa do rei. A graça Divina é assim, ela tem o poder de nos transportar e nos elevar de uma posição a outra (Ef 2.6).
3.1 Quem Mefibosete tipifica em nossos dias?
Mefibosete era um príncipe que vivia no deserto. Num lugar obscuro, com medo e sem nada. Ele tipifica os filhos que o rei está à procura pra honrar e mudar suas vidas; aqueles filhos que o rei está à procura para honrar e mudar suas vidas: aqueles filhos de rei que nunca entraram no palácio, que vivem à margem da sociedade e não desfrutam da mesa de seu rei (Lc 18.14). Deus está falando de um tempo de revelações, de sair do anonimato, e de um alimento especial e particular que só existe em sua mesa; Mefibosete representa os filhos que nunca estiveram face a face com o rei. Deus está falando de um tempo de intimidade com Ele, de uma mesa onde todos são iguais; Mefibosete representa os filhos de rei que nunca comeram pão diariamente. Alguns provaram aqui ou ali, mas diariamente não. Deus fala de um tempo de revelação continua, sem escassez, todos os dias, na presença dor rei (2Cor 4.3).
3.2 Na mesa do rei todos são iguais
Quando as trombetas do palácio anunciavam à chegada de Mefibosete toda a casa do rei poderia se perguntar por que o rei quebrava o protocolo e deixava um deficiente como aquele não somente entrar, mas sentar-se à mesa e comer como um de seus filhos (2Sm 9.13). Poucas pessoas sabem o que Deus conversa conosco em secreto, e poucos sabiam a respeito da aliança de Davi e Jonatas, a qual simbolizava aliança de Deus conosco por intermédio de Jesus. Os filhos belos de Davi, Joabe o capitão da guarda, estavam juntos a mesa. E a mesa é reveladora porque da cintura para cima todos são diferentes, mas quando estão sentados todos são iguais, os defeitos desaparecem (Rm 2.11; Gl 3.28; Cl 3.11).
3.3 Ele começou em Lo-Debar, terminou em Jerusalém
Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém... (2Sm 9.13). Esse é o final que o Senhor deseja dar a todos aqueles que estão aliançados com Ele. DE uma só vez, a vida de Mefibosete mudou de anonimato a personagem célebre, e isto se chama honra. Jerusalém tipifica a eternidade, e Lo-Debar o lugar das nossas provações. Porém, numa hora que ninguém espera, num dia especial que somente o Rei conhece, a carruagem real vai passar como passou nos tempos de Elias, e levará consigo os simples de coração, os habitantes do deserto, os que Ziba tem lesado durante toda a vida, para encontrar-se com o Rei e por Ele serem honrados em sua mesa (Lc22.14-17).
CONCLUSÃO
Mefibosete era um filho de rei que vivia num lugar obscuro, com medo e sem nada. É tempo dos filhos do Rei saírem do deserto do anonimato, serem honrados, e terem suas vidas transformadas. Até mesmo a criação espera por esse momento em nossas vidas (Rm 8.19).
Fontes:
Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora Betel.
Revista: Milagres do Antigo Testamento – Editora Betel - 4º Trimestre 2014

Comentário Matthew Henry
Capitulo 9
A única coisa registrada neste capítulo é a bondade que Davi mostrou à descendência de Jônatas por amor a ele. I. A investigação amável que fez em relação ao remanescente da casa de Saul, e sua descoberta de Mefibosete (w. 1-4). II. A acolhida amável que deu a Mefibosete, quando foi trazido a ele (w. 5-8). III. A provisão amável que providenciou para ele e os seus (w. 9-13).
Benevolência de Davi para com o Filho de Jônatas
A investigação que Davi faz acerca do remanescente da casa devastada de Saul (v. 1). Isso aconteceu bem depois de sua ascensão ao trono porque, pelo que tudo indica, Mefibosete, que tinha apenas 5 anos de idade quando Saul morreu, já era pai de um filho (v. 12). Davi tinha esquecido por tempo demais suas obrigações com Jônatas, mas agora, finalmente, ele se lembra de sua promessa. E bom, de tempo em tempo, refletirmos se há alguma promessa ou obrigação da qual tenhamos nos esquecido. Antes tarde do que nunca. O compêndio que Paulo nos dá da vida de Davi é que ele, no seu tempo, serviu conforme a vontade de Deus (At 13.36), isto é, ele era um homem que tinha como alvo fazer o bem. Podemos observar o seguinte:
1. Davi procurou uma oportunidade para fazer o bem. Ele poderia talvez ter apaziguado sua consciência com o cumprimento da sua promessa a Jônatas caso estivesse estado pronto, quando solicitado por qualquer pessoa da descendência de Jônatas, a ajudá-lo e socorrê-lo. Mas Davi faz mais. Ele primeiro averigua com os que estão próximos dele (v. 1), e, quando se encontra com uma pessoa que possivelmente poderia informá-lo a esse respeito, lhe pergunta em particular: Não há ainda algum da casa de Saul para que use com ele de beneficência? (v. 3).
“Não há alguém, a quem eu possa fazei’ não somente justiça (Nm 5.8), mas a quem possa usar de beneficência?”. Observe: Homens justos deveriam buscar oportunidades para fazer o bem. O nobre projeta coisas nobres (Is 32.8). Porque os propósitos mais apropriados da nossa beneficência e caridade, com frequência, não serão satisfeitos sem uma investigação. Os mais necessitados são muitas vezes os menos clamorosos.
2. Davi investiga acerca dos remanescentes da casa de Saul, a quem mostraria sua beneficência por amor a Jônatas: Não há ainda algum da casa de Saul, Saul tinha uma família muito numerosa (1 Cr 8.33), suficiente para repovoar um país, mas estava tão esvaziada, que não se tinha notícia de nenhum deles; mas era uma questão de investigação: Há ainda alguém? Veja como a providência de Deus pode “esvaziar” famílias inteiras; observe as consequências do pecado. Saul tinha uma casa sanguinária; não é de admirar que fosse reduzida tão drasticamente (cap. 21.1). Embora Deus tivesse visitado a maldade do pai nos filhos, Davi não o faria. “Há alguém ainda da casa de Saul para que use de beneficência, não por amor a Saul, mas por amor a Jônatas?”
(1) Davi era inimigo jurado de Saul e, mesmo assim, ele estava disposto a mostrar beneficência à sua casa de todo coração. Ele não diz: “Não há ainda algum da casa de Saul, para que eu ache um meio de exonerá-lo, e evitar que me causem tumulto a mim e ao meu sucessor?”. Abimeleque fez o possível para que ninguém sobrasse da casa de Gideão (Jz 9.5); o mesmo aconteceu com Atalia, que não quis que alguém sobrevivesse da semente real (2 Cr 22.10,11). Esses eram governos usurpadores. Davi não precisava desse tipo de apoio perverso. Ele ansiava mostrar beneficência à casa de Saul, não somente porque confiava em Deus e não tinha medo do que pudessem fazer a ele, mas porque tinha uma disposição tão caridosa e perdoou o que tinham feito a ele. Observe:
Devemos evidenciar a sinceridade do nosso perdão àqueles que de alguma maneira foram injustos ou injuriosos a nós, estando prontos, à medida que aparecer a oportunidade, para mostrar beneficência a eles e aos seus. Devemos não somente não nos vingar deles, mas amá-los e fazer bem a eles (Mt 5.44), e não ser relutantes a qualquer demonstração de amor e boa-vontade para com aqueles que nos causaram algum tipo de injúria: antes, pelo contrário, bendizendo (1 Pe 3.9). Essa é a maneira de vencermos o mal e experimentarmos misericórdia para nós e nossos familiares, quando nós ou eles precisarem dela.
(2) Jônatas era amigo ajuramentado de Davi e, por esse motivo, estava disposto a mostrar beneficência à sua casa. [1] A atitude de Davi nos ensina a estarmos atentos em relação à nossa aliança. A beneficência que prometemos, devemos cumprir de forma consciente, mesmo que não seja reivindicada. Deus é fiel a nós; não sejamos infiéis uns com os outros. [2] A atitude de Davi nos ensina a estarmos atentos com nossas amizades, ou nossas antigas amizades. Observe: Beneficência aos nossos amigos e aos seus é uma das leis da nossa santa religião. O homem que tem 'muitos amigos pode congratular-se (Pv 18.24). Se a Providência nos elevou, e nossos amigos e suas famílias estão passando por dificuldades, não devemos nos esquecer da nossa antiga amizade, mas entender que essa situação é uma oportunidade propicia para demonstrarmos nosso carinho: nessa situação, nossos amigos mais precisam de nós, e nós estamos em melhores condições de ajudá-los. Embora não haja uma aliança sólida de amizade que nos una a essa constância de amor, existe uma lei sagrada de amizade não menos prestativa, ou seja, aquele que está em miséria precisa receber compaixão dos seus amigos (Jó 6.14). Na angústia nasce o irmão (Pv 17.17). A amizade nos compele a tomarmos conhecimento das famílias e parentes remanescentes daqueles que amamos. Devemos ser amáveis com aqueles que nos deixaram, porque deixaram para trás seus corpos, seus nomes e sua posteridade.
3. A beneficência que Davi prometeu mostrar a eles ele chama de beneficência de Deus; não somente beneficência, mas: (1) Beneficência em busca de cumprir a aliança que havia entre ele e Josué, da qual Deus era testemunha. Veja 1 Samuel 20.42. (2) Beneficência em relação ao exemplo de Deus; pois devemos ser misericordiosos como Ele o é. Ele trata com indulgência aqueles sobre quem tem predominância; devemos fazer o mesmo. O pedido que Jônatas fez a Davi era: use comigo da beneficência do SENHOR, para que não morra
(1 Sm20.14,15), incluindo também a minha descendência. A beneficência de Deus é um exemplo maior de beneficência do que podemos esperar dos homens. (3) Essa beneficência tem um caráter piedoso, tendo um olho em Deus, bem como na sua honra e favor.
Davi recebe informações a respeito de Mefibosete, o filho de Jônatas. Ziba era um antigo servo da família de Saul, e conhecia a situação dela. Ele foi chamado e examinado. Ziba informou ao rei que o filho de Jônatas estava vivo, mas aleijado (cap. 4.4), e que vivia na obscuridade, provavelmente no meio da parentela de sua mãe, em Lo-Debar, em Gileade, do outro lado do Jordão, onde foi esquecido no coração deles, como um morto (SI 31.12). Ele ostentava essa obscuridade mais facilmente porque podia lembrar-se muito pouco da honra de onde caiu.
Mefibosete é trazido para a corte. O rei enviou alguém (Ziba, é provável) para buscá-lo e traze-lo para Jerusalém com a devida pressa (v. 5). Dessa forma, ele aliviou o fardo de Maquir e, talvez, recompensou-o pelo que tinha feito por Mefibosete. Esse Maquir parece ter sido um homem muito generoso. Ele hospedou Mefibosete, não por alguma desafeição a Davi ou seu governo, mas por compaixão ao enfraquecido filho de um príncipe, porque, mais tarde, o encontramos mostrando bondade a Davi quando fugia de Absalão. Ele é citado (cap. 17.27) entre aqueles que deram ao rei aquilo que desejava em Maanaim, embora Davi, quando mandou tomar Mefibosete de sua casa, não pudesse imaginar que viria o tempo em que seria devedor a ele: e, talvez, Maquir estava então mais preparado para ajudar Davi em retribuição à sua bondade a Mefibosete. Portanto, deveríamos estar prontos a dar, porque poderá chegar o dia em que estaremos em uma situação de carência (Ec 11.2). E o que regar também será regado (Pv 11.25). Agora:
1. Mefibosete apresentou-se a Davi com todo o respeito que era próprio do seu caráter. Aleijado como era, se prostrou com o rosto por terra e se inclinou (v. 6). Davi havia feito uma homenagem semelhante ao seu pai, Jônatas, quando este estava próximo do trono (ele inclinou- se três vezes, 1 Sm 20.41), e agora Mefibosete, de forma semelhante, se dirige a ele, quando a situação havia se invertido completamente. Aqueles que, quando estiverem em uma relação inferior, mostrarem respeito, serão devidamente respeitados, quando forem promovidos.
2. Davi recebeu-o com toda a bondade possível. (1) Ele falou com ele como se estivesse surpreso, mas contente em vê-lo. “Mefibosete! E possível que você esteja vivo?”. Ele ordenou que não tivesse medo: Não temas (v.
7). E provável que a aparição de Davi o tenha deixado um pouco confuso, quando percebe que o mandou chamar não por qualquer desconfiança ou suspeita, mas para mostrar- lhe bondade. Homens justos não deveriam agradar-se de atitudes temerosas dos seus inferiores (porque o grande Deus não o faz), mas deveriam encorajá-los. (3) Davi dá a Mefibosete, como doação da coroa, todas as terras de Saul, seu pai, isto é, seus bens paternais, que haviam sido confiscados pela rebelião de Isbosete e acrescentados ao seu patrimônio. Esse foi um verdadeiro favor da parte de Davi, que deu a ele muito mais do que apenas uma palavra amistosa. A verdadeira amizade será generosa. (4) Ainda que tivesse lhe presenteado com propriedades preciosas, suficientes para mantê-lo, por amor a Jônatas, (em quem, talvez, visse alguns traços semelhantes no rosto de Mefibosete), ele o torna um convidado constante à sua mesa, onde não só será confortavelmente alimentado, mas terá a atenção e a companhia digna do seu nascimento e caráter. Embora Mefibosete fosse aleijado e disforme, não parecendo ter qualquer aptidão especial para os negócios, mesmo assim, por amor ao seu pai, Davi o considerou como alguém de sua própria família.
3. Mefibosete aceita essa bondade com grande humildade. Ele não era um daqueles que recebia cada favor como uma dívida, achando ser insuficiente; pelo contrário, fala como alguém maravilhado com a generosidade de Davi (v. 8): Quem é teu servo, para tu teres olhado para um cão morto tal como eu? Como ele se rebaixa! Embora fosse filho de príncipe, e neto de rei, visto que sua família estava debaixo de culpa e ira, e ele próprio pobre e aleijado, se autodenomina de cão morto diante de Davi. Observe: É bom ter um coração humilde diante de providências humilhantes. Quando a Providência divina humilha o nosso estado e a graça divina também humilha o nosso espírito, devemos permanecer tranquilos. E aqueles que se humilham dessa forma serão exaltados. E digno de nota verificar como Mefibosete exalta a bondade de Davi! Seria fácil desfazê-la caso tivesse disposição para tal. Ele poderia ter pensado que restituir o patrimônio do pai era apenas devolver o que era seu. E convidá-lo para sentar-se à sua mesa era uma forma de manter um olho nele. Mas Mefibosete considerava tudo o que Davi dizia e fazia como muito amável, não sendo merecedor do menor dos seus favores (compare com 1 Samuel 18.18).
Davi Ampara Mefibosete e os Seus.
A questão em relação a Mefibosete é aqui estabelecida.
1. A doação das posses do seu pai é confirmada a ele, e Ziba é chamado para ser testemunha dela (v. 9); e, pelo que parece, Saul tinha muitas propriedades, porque seu pai era homem de bens (1 Sm 9.1), possuindo campos e vinhas (1 Sm 22.7). Mesmo sendo muito, Mefibosete era senhor de tudo agora.
2. A administração dessas propriedades é confiada a Ziba, que as conhecia e sabia como tirar o melhor proveito delas. Pelo fato de ter sido servo do pai de Mefibosete, Davi podia confiar nele, e, pelo fato de ter uma família numerosa, com muitos filhos e servos, tinha mãos suficientes para serem empregados (v. 10). Assim, Mefibosete está numa situação confortável, possuindo propriedades sem se preocupar com elas, e está em condições de se tornar muito rico, com previsões de muito lucro e pouco gasto, uma vez que continuava comendo à mesa de Davi. No entanto, ele também precisa de provisão para seu filho e servos; e os filhos e servos de Ziba tinham sua parte na sua renda, motivo pelo qual, talvez, o número deles é mencionado aqui: quinze filhos e vinte servos, que consumiam quase tudo que havia. Onde a fazenda se multiplica, aí se multiplicam também os que a comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que a, verem com os seus olhos? (Ec 5.11). Todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mefibosete (v. 12), isto é, todos estavam debaixo dele, e fizeram dos seus bens uma rapina, diante do pretexto de cuidai’ dele e servi-lo. Os judeus têm um provérbio: “Aquele que multiplica servos, multiplica ladrões”. Ziba está contente, porque ama a riqueza, e a terá em abundância. “Conforme tudo quanto o rei manda, assim fará teu servo” (v. 11). “Eu cuidarei dos bens: porém Mefibosete” (essas parecem ser as palavra de Ziba), “caso agrade ao rei, não precisa importunar a corte, conterá à minha. mesa, e será tratado como um dos filhos do rei”. Mas Davi deseja tê-lo à sua própria mesa, e Mefibosete está tão satisfeito com o seu estado quanto Ziba com o seu. Veremos mais tarde quão infiel Ziba foi com ele (cap. 16.3). Visto que Davi era um tipo de Cristo, seu Senhor e filho, sua Raiz e Geração (Ap 22.16), permitiu que a sua bondade a Mefibosete servisse para ilustrar a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, para com o homem caído, com o qual não tinha obrigação alguma, semelhantemente a Davi em relação a Jônatas.

O homem era culpado de rebelião contra Deus, e, semelhantemente à casa de Saul, estava debaixo da pena de rejeição dele, não foi apenas humilhado, empobrecido, mas estava aleijado e impotente, por causa da queda. O Filho de Deus se interessa por essa raça degenerada, que não se interessa por Ele, e vem para buscar e salva-lá. Os que se humilham perante Ele, e se entregam a Ele, terão a sua herança perdida restituída. Ele os designa a um paraíso melhor do que o que Adão perdeu, e os leva à comunhão com Ele, os assenta com seus filhos à sua mesa, e os regala com as delícias do céu. SENHOR, que é o homem, para que tanto o estimes (Jó 7.17).

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