domingo, 22 de fevereiro de 2015

Lição 9 Não adulterarás

Lição 9 Não adulterarás
1 de março de 2015

Texto Áureo
“Eu porém vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mt 5.28)

Verdade Prática
O sétimo mandamento diz respeito a pureza sexual e à proteção da sagrada instituição da família, assim como o mandamento anterior fala sobre a proteção a vida.

Leitura Diária

Segunda – Gn 2.21-24
O casamento foi instituído por Deus antes da queda no Éden
Terça – Pv 6.32,33
O adultério destrói a reputação e deixa cicatrizes indeléveis
Quarta – Jr 29.20-23
O adultério é uma prática insana com consequências funestas
Quinta – Ml 2.14
Deus exige fidelidade entre marido e mulher
Sexta – Mt 19.4-6
O plano divino desde o princípio era monogâmico
Sábado – Mt 10.11,12
No NT, adultério é qualquer relação sexual extraconjugal

Leitura Bíblica em classe
Êxodo 10.14; Deuteronômio 22.22-30

Êxodo 10.14 – Não adulterarás.

Deuteronômio 22.22-30
22 Quando um homem for achado deitado com mulher casada com marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, tirarás o mal de Israel.
23 Quando houver moça virgem, desposada com algum homem, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela,
24 então, trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis com pedras, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim, tirarás o mal do meio de ti.
25 E, se algum homem, no campo, achar uma moça desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ela, então, morrerá só o homem que se deitou com ela;
26 porém à moça não farás nada; a moça não tem culpa de morte; porque, como o homem que se levanta contra o seu próximo e lhe tira a vida, assim é este negócio.
27 Pois a achou no campo; a moça desposada gritou, e não houve quem a livrasse.
28 Quando um homem achar uma moça virgem, que não for desposada, e pegar nela, e se deitar com ela, e forem apanhados,
29 então, o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça cinquenta siclos de prata; e, porquanto a humilhou, lhe será por mulher; não a poderá despedir em todos os seus dias.
30 Nenhum homem tomará a mulher de seu pai, nem descobrirá a ourela de seu pai.
Objetivo Geral
Apresentar o sétimo mandamento, ressaltando o intento de Deus em favor da família.

Objetivos específicos

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I –        Tratar a abrangência e o objetivo do sétimo mandamento.
II -        Mostrar o real significado da infidelidade.
III -       Relacionar alguns pecados sexuais segundo alei divina.
IV -      Analisar o ensino de Jesus acerca do sétimo mandamento.

Interagindo com o Professor
Infelizmente, vivemos em uma sociedade em que já começam a ver a infidelidade conjugal como uma prática normal. Contudo, segundo a Palavra de Deus, o adultério é e continuará sendo pecado. Encontramos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, sérias advertências contra a infidelidade conjugal (Êx 20.14; Dt 5.18; Rm 13.9; Gl 5.19). A princípio, a quebra do sétimo mandamento pode parecer doce e até prazerosa, mas o seu fim é amargoso como o absinto (Pv 5.4). Com a infidelidade vem a disfunção familiar. A disfunção é perigosa, é destrutiva para toda a família, para a igreja do senhor e para a sociedade de um modo geral.

Comentário

Introdução 
O sétimo mandamento condena o adultério e a impureza sexual com o objetivo de proteger a família. A Bíblia não condena o sexo; a santidade dele é inquestionável dentro do padrão divino, mas sua prática ilícita tem sido um dos maiores problemas do ser humano ao longo dos séculos. O sétimo mandamento é tratado de uma maneira na lei, e de outra na graça. Um olhar no episódio da mulher adúltera (Jo 8.1-11) mostra que tal preceito foi resgatado pela graça e adaptado a ela, e não à lei.

I.             O Sétimo Mandamento.

1. Abrangência. Trata de um tema muito abrangente, que envolve sexo e casamento num contexto social contaminado pelo pecado. O mandamento consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples em duas palavras: “não adulterarás” (Êx 20.14; Dt 5.18). Sua regulamentação para os israelitas pode ser encontrada nos livros de Levítico e Deuteronômio, que dispõem contra os pecados sexuais, a prostituição e toda forma de violência sexual com suas respectivas sanções.

2. Objetivo. O Decálogo segue uma lógica. Primeiro aparece a proteção da vida, em seguida vem a família e depois os bens e a honra. O mandamento “não adulterarás” veio para proteger o lar e dessa forma estabelecer uma sociedade moral e espiritualmente sadia. A proibição aqui é contra toda e qualquer imoralidade sexual, expressa de maneira genérica, mas especificada em diversos dispositivos na lei de Moisés.

3. Contexto. A lei foi promulgada numa sociedade patriarcal que permitia a poligamia. Nesse contexto social, o adultério na lei de Moisés consistia no fato de um homem se deitar com uma mulher casada com outro homem, independentemente de ser ele casado ou solteiro. Os infratores da lei deviam ser mortos, tanto o homem quanto a mulher (Dt 22.22; Lv 20.10).

Ponto Central
O adultério e a impureza sexual maculam a família.

Síntese do Tópico I
O sétimo mandamento tem como objetivo proteger a família, estabelecendo uma sociedade moral e espiritualmente sadia.

II. Infidelidade.

1. Adultério. É traição e falsidade. É a quebra de uma aliança assumida pelo casal diante de Deus e da sociedade, uma infidelidade que destrói a harmonia no lar e desestabiliza a família. A tradição judaico-cristã leva o assunto a sério e considera o adultério um pecado grave. Trata-se de uma loucura que compromete a honra e a reputação de qualquer pessoa, independentemente de sua confissão religiosa ou status social (Jr 29.23; Pv 6.32,33).

2. Sexo antes do casamento. Esta prática está muito em voga na sociedade moderna, mas nunca teve a aprovação divina, e por isso os jovens devem evitar essas coisas (Sl 119.9). Em Israel, os envolvidos em tal prática, desde que a mulher não fosse casada ou comprometida, não eram condenados à morte. A pena era menos rigorosa, mas o homem tinha de se casar com a moça, pagar uma indenização por danos morais ao pai da jovem e nunca mais se divorciar dela (DT 22.28,29). Hoje, esse tipo de pecado requer aplicação de disciplina da Igreja, mas nem sempre o casamento deles é a solução.

3. Fornicação. A “moça virgem, desposada com algum homem” (Dt 22.23) diz respeito, no contexto atual, à noiva que ainda não se casou, mas está comprometida em casamento. Trata-se do pecado sexual de fornicação praticado com consentimento mútuo. A pena da lei é a morte por apedrejamento, como no caso de envolvimento com uma mulher casada (Dt 22.24). A razão desta pena vai além do simples ato, pois se tratada quebra de fidelidade, “porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim, tirarás o mal do meio de tí” (Dt 22.24b).

Conheça mais

Poligamia
“A poligamia não era comum nos tempos bíblicos embora fosse permitido o casamento com mais de uma mulher ao mesmo tempo, como quando Jacó casou-se com Lia e Raquel. [...] O marido tinha de ser muito rico para ter mais de uma esposa. Portanto a realeza é que tendia a ter várias esposas [...]” Leia mais em Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos, CPAD, pp. 63-64.

Síntese do Tópico II
A infidelidade conjugal quebra a aliança assumida pelo casal diante de Deus e dos homens.

Subsídio Teológico
“Geralmente o adultério era perdoado nas culturas pagãs, particularmente quanto à parte do homem que, embora fosse casado, não erra acusado de adultério a não ser que coabitasse com a esposa de outro homem ou com uma virgem que estivesse noiva. O adultério é estritamente proibido tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento (Rm 13.9; Gl 5.19).
Na Bíblia, o termo adultério é muitas vezes utilizado como uma metáfora para representar a idolatria ou apostasia da nação e do povo comprometido com Deus. Exemplos disso podem ser encontrados em (Jeremias 3.8,9; Ezequiel 23.26,43; Oséias 2.2-14)” (PFEIFFER, Charles F. (Ed). Dicionário Bíblico Wycliffe. 7 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 35).

III. Outros Pecados Sexuais

1. Estupro. A lei contrasta a cidade com o campo para deixar clara a diferença entre estupro e ato sexual consentido. Os versículos 25-27 tratam do caso de violência sexual, pois no campo a probabilidade de socorro era praticamente nula, e a moça era forçada a praticar o ato(22.25). Neste caso, somente o estuprador era morto, acusado de crime sexual, mas a moça era inocentada (Dt 22.26,27).

2. Incesto. A lei estabelece a lista de parentesco em que deve e não deve haver casamento, para evitar a endogamia e o incesto (Lv 18.6-18). “Nenhum homem tomará a mulher de seu pai” (Dt 22.30). A lei dispõe contra a prática sexual execrável de abusar da madrasta. É o pecado que desonra o pai, invade e macula o seu leito. Quem pratica tal abominação está sob a maldição divina (Dt 27.20). Na lei, o assunto pertence ao campo jurídico e a condenação prevista é a morte (Lv 20.11). Entretanto, estamos debaixo da graça, e por essa razão o tema é levado à esfera espiritual, cuja sanção se restringe a perda da comunhão na Igreja (1Co 5.1-5). A sábia decisão apostólica é a base para o princípio disciplinar que as igrejas aplicam hoje.

3. Bestialidade. É uma aberração sexual, tanto masculina como feminina, contra a qual a lei dispõe tendo como sanção a pena de morte, seja para o homem, seja para a mulher e também para o animal, que devia ser morto (Lv 20.15,16). Bestialidade e homossexualismo desonram a Deus e eram práticas cananeias, razão pela qual os cananeus foram vomitados da terra (Lv 18.23-28).

Síntese do tópico III
Deus abomina o estupro, o incesto e a bestialidade.

Subsídio Teológico
“Incesto – O crime de coabitação ou relacionamento sexual com familiares ou parentes, que é proibido pela lei de Moisés (Lv 18.1-18). A lista apresentada por Moisés é precedida por uma advertência de que Israel não deveria entregar-se aos pecados dos egípcios a quem eles haviam acabado de deixar, ou dos cananeus para cuja terra Deus os estava trazendo. A lista dos relacionamentos proibidos inclui: mãe, madrasta, irmã ou meia-irmã, neta, filha de uma madrasta, uma tia de ambos os lados, a esposa de um tio de ambos os lados, a esposa de um tio por parte de pai, nora, cunhada, uma mulher e sua filha, ou neta, a irmã de uma esposa viva. Uma filha e uma irmã por parte de pai e mãe não são mencionados especificamente, uma vez que já são classificadas como ‘parenta da sua carne’ (v.6)” (PFEIFFER, Charles F. (Ed). Dicionário Bíblico Wycliffe, 7ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 966).

IV. O Ensino de Jesus

1. O sétimo mandamento nos Evangelhos. O Senhor Jesus reiterou o que Deus disse no princípio da criação sobre o casamento, que se trata de uma instituição divina, uma união estabelecida pelo próprio Deus (Mt 19.4-6). Ele também se referiu ao tema do sétimo mandamento de maneira direta e indireta. Direta ao fazer o uso das palavras “não adulterarás” ou “não cometerás adultério” no sermão do monte (Mt 5.27), na questão do moço rico (Mt 19.18) e nas passagens paralelas (Mc 10.19; Lc 18.20). Indireta quando fala acerca do divórcio, tema pertinente ao sétimo mandamento (Mt 19.9; Mc 10.11,12).

2. O problema dos escribas e fariseus. Mais uma vez Ele corrige o pensamento equivocado das autoridades religiosas de Israel. Os escribas e fariseus haviam reproduzido o sétimo mandamento ao próprio ato físico, pois desconheciam o espírito da lei, apegavam-se a letra dela (2 Co 3.6). Assim, como é possível cometer assassinato com a cólera ou palavras insultuosas, sem o ato físico (Mt 5.21.22), da mesma forma é possível também cometer adultério só no pensamento (Mt 5.27,28).

3. A Concupiscência. Há diferença entre olhar e cobiçar. O pecado é o olhar concupiscente. O sexo é santo aos olhos de Deus, desde que dentro do casamento, nunca fora dele. O livro de Cantares de Salomão mostra que o sexo não é apenas para procriação, mas para o prazer e a felicidade dos seres humanos. Jesus não está questionando o sexo, mas combatendo a impureza sexual e o sexo ilícito, a prostituição. O Senhor Jesus disse que os adultérios procedem do coração humano (Mt 15.19).

Síntese do Tópico IV
O Senhor Jesus reiterou o princípio do sétimo mandamento.

Subsídio Teológico
“O Senhor Jesus estendeu a culpa pelo adultério da mesma forma como fez para outros mandamentos, incluindo o propósito ou o desejo de cometê-lo ao próprio ato em si (Mt 5.28). Tecnicamente, o adultério se distingue da fornicação, que é a relação sexual entre pessoas que não são casadas. Entretanto, a palavra grega pornéia, uniformemente traduzida como ‘fornicação’, inclui toda lascívia e irregularidade sexual” (PFEIFFER, Charles F. (Ed). Dicionário Bíblico Wycliffe. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD. 2010, p. 35).

Conclusão
Cremos que Deus sabe o que é certo e o que é errado para a vida humana. A Bíblia é o manual divino do fabricante e é loucura querer ir contra Ele. A sanção contra os que violarem o sétimo mandamento, na fé cristã, não vai além da disciplina da Igreja e; em alguns casos, do caos na família. Mas o julgamento divino é tão certo quanto a sucessão dos dias e das noites, e a única salvação é Jesus (At 16.31; 17.31).

Para Refletir
Sobre o sétimo mandamento:

O adultério destrói a família. Por que?
Sim. Ele destrói a família porque quebra a aliança assumida pelo casal diante de Deus e da sociedade. A Infidelidade destrói a harmonia no lar e desestabiliza a família.

O adultério refere-se apenas ao envolvimento sexual de pessoas casadas?
Não. Refere-se também ao relacionamento sexual entre uma pessoa solteira e uma casada.

Por que o adultério e destrutivo para a família?
Porque é uma loucura que compromete a honra e a reputação do casal.

Por que o casamento é uma instituição divina?
Porque foi planejado e criado pelo Senhor.

Qual o limite entre o “simples olhar” e o “olhar malicioso”?
O olhar malicioso é o que cobiça com o desejo de possuir o outro.

Vocabulário
Endogamia – Estado de endógamo, isto é, aquele que só se casa com membros da sua classe ou tribo.

Consulte
Revista Ensinador Cristão CPAD nº 61, p.40.

Sugestão de Leitura

A Família Cristã e os Ataques do Inimigo
Manter a família com princípios e valores cristãos é um desafio na pós-modernidade. Para obter sucesso, não só é preciso conhecer o que a Bíblia diz, mas também colocar seus ensinamentos em prática. Desse modo, as contaminações do mundo sobre a família podem ser identificadas e refutadas.

Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Um estudo sistematizado sobre os livros de Provérbios de Salomão e Eclesiastes. Esta obra tem um capítulo que trata a respeito da infidelidade conjugal. Deus tem um plano para o matrimônio cristão e sua Palavra é poderosa para orientar os casais.

Integridade Moral e Espiritual
Sem dúvida, o livro de Daniel revela fatos e acontecimentos os quais se evidenciam na atualidade. Na verdade, nenhum outro livro profético se ajusta tão perfeitamente às evidências atuais como o livro de Daniel. Nele, vemos a integridade espiritual e moral de um servo de Deus.

Fonte: Lições Bíblicas, Professor, CPAD,Lições do 1º trimestre de 2015, Adultos, Comentarista: Esequias Soares.








Lição 09 - Fidelidade na aplicação dos talentos

Lição 09 - Fidelidade na aplicação dos talentos
01 de março de 2015

Texto Áureo
“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” Ec 9.10.

Verdade Aplicada
O Senhor não tem nenhum servo desocupado ou inábil. Ele deu talentos a cada um conforme sua capacidade, que devem ser aplicados com sabedoria.

Objetivos da lição
1. Conscientizar sobre o privilégio de servir ao Reino de Deus;
2. Enfatizar que somos responsáveis diante de Deus por todas as nossas capacidades;
3. Elencar as implicações do serviço ou do desserviço ao Reino de Deus.

Glossário
-           Envergadura: Pujança, capacidade e competência;
-           Maximizar: Elevar, potencializar, intensificar ao máximo;
-           Capacidade cognitiva: mecanismo mental do qual o indivíduo se vale ao utilizar sua percepção, memória, razão etc.

Textos de referência
Mt 25.16-19
16  E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos.
17  Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou também outros dois.
18  Mas o que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19  E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.

Leituras complementares:
Segunda       Rm 12.6-8
Terça              2Co 3.4
Quarta           2Tm 2.20, 21
Quinta           1Co 15.58
Sexta             Ef 4.7, 8
Sábado          Cl 3.23, 24

Esboço da Lição
Introdução
1. Princípio da motivação
2. Princípio da responsabilidade
3. Princípio das consequências
Conclusão

Introdução
A parábola dos talentos nos arremete para a responsabilidade nos negócios do Reino. O talento representa a oportunidade e o aproveitamento de nossa capacidade no desenvolvimento do Reino de Deus (Mt 25.14-30). Ao contar essa parábola, Jesus prepara os discípulos para o momento em que eles terão que trabalhar em sua ausência física, e fazendo-os saber que ao retornar Ele pedirá conta.

1. Princípio da motivação
No Reino de Deus não basta fazer, mas também o porquê fazer. Conforme Provérbios 16.2, Deus observa e conhece os princípios de todas as ações. Ele sabe com precisão as intenções do coração.

1.1  Movidos pelo valor dos talentos
Percebe-se que nada na parábola é irrelevante. Os valores dos talentos nos levam a compreender a importância das habilidades dadas por Deus, tanto naturais como espirituais, com as quais podemos servir aos homens e glorificar a Deus, dando assim continuidade ao Seu Reino. Nenhum homem tem qualquer coisa de sua autoria, exceto seus pecados (RM3.23). Assim sendo, o valor inestimável de nossas capacidades deve nos motivar a maximizar nossos esforços no Reino de deus, procurando em cada ação e reação dar o nosso melhor (Ec 9.10).

1.2  Movidos pelo privilégio de servir
Não há nada mais grandioso nessa terra do que o Reino que Jesus implantou. Nada merece mais a nossa atenção (Mt 6.33). Servir no Reino de Deus é um dos maiores privilégios que o homem pode ter, pois atrai a atenção até mesmo de anjos (1Pe 1.12). A partir do momento em que o homem se engaja na excelência da obra de cristo, tudo mais se torna pueril (Fp 3.7-80. Não merecíamos participar do planejamento divino, mas por Sua condescendência fazemos parte desse grande projeto. Fomos chamados pela graça de Deus (Gl 1.15); engajamos em Seu Reino pela graça (1Co 15.10); contribuímos em Seu Reino pela graça (2Co 8.1-4). Portanto, nada merecemos, mas Deus nos abarcou em Sua obra e, por conseguinte, não deve ser vista como uma obrigação ou constrangimento, pelo contrário, deve ser encarada como um privilégio.

1.3 Movidos pelos resultados
AS implicações da desenvoltura de nossos talentos são as mais diversas, vai desde causar mudanças temporais na vida das pessoas, até mesmo a conduzi-las à salvação eterna de suas almas, e isso não tem preço (Sl 49.8). O apóstolo Paulo tinha como motivação maior do seu ministério o bem-estar da Igreja e, nesse sentido ele não media esforços e sacrifícios (2Co 12.15; At 20.24). Não devemos esquecer que somos resultados do que os outros fizeram. Aqueles que se habilitam a trabalhar no Reino que Jesus implantou se envolvem com pessoas procurando melhorar suas vidas, mas a mentalidade do servo inútil é marcada pela indiferença com o bem-estar dos outros. A aplicação dos talentos permite que o melhor homem se torne um homem ainda melhor (Jó 42.5, 6). Portanto devemos dar o nosso melhor para que o que é bom fique ainda melhor.

O talento, originalmente uma unidade de peso, que passou a ser uma unidade monetária, representava seis mil denários. Um denário equivalia ao trabalho de um dia, portanto um talento valia o trabalho de um indivíduo por mais ou menos 18 a 19 anos. Posteriormente o talento passou a indicar as habilidades ou dons naturais. Cada talento recebido é passível de melhorias. Eles podem e devem ser aperfeiçoados, e desse modo, as pessoas com quem convivemos também são favorecidas. Com os talentos em exercício, estaremos contribuindo para o desenvolvimento de seres humanos mais integro, colaborando para famílias coesas e cooperando para uma sociedade melhor.

2. Princípio da responsabilidade
Todos nós temos capacidades e oportunidades diferentes, mas também temos algo em comum: a responsabilidade de permanecer fiel a Deus e à Sua Palavra.

2.1 Responsabilidade de acordo com a capacidade
O Senhor não dá talentos indiscriminadamente, mas dá a cada um segundo suas capacidades (1Co 12.7). É manifesto na parábola que, na distribuição de talentos, o mesmo não foi dado a todos, cada um recebeu conforme sua envergadura (Mt 25.15). O Senhor não comete erros na atribuição de tarefas, tampouco pedirá conta além dos potenciais de cada um. Ele tão somente requer fidelidade (1Co 4.2). Em cada lugar, posição ou situação em que a providência divina nos colocar, nossa fidelidade estará sendo posta à prova (Rm 14.12). Somos responsáveis diante de Deus por todas as nossas capacidades, quer sejam pessoais, produtivas, cognitivas ou relacionais.

2.2 Responsabilidade no investimento
Podemos ser tentados a pensar que os talentos a nós confiados são para nosso próprio benefício e alegria, mas a verdade é que a parábola nos leva a compreender que os talentos são para alegria e “enriquecimento” do Senhor (Mt 25.20-23). O Mestre nos confia uma parcela de Suas riquezas não para gastarmos com nós mesmos, nem para enterrarmos, mas para “negociarmos” com ela. Aprendemos que o uso correto dos talentos a nós creditados fará ampliá-los. O caminho certo para aumentar nossas capacidades em Cristo é o exercício dos talentos que Ele nos deu. Sementes amontoadas e trancadas em um celeiro não se multiplicam (Ec 11.1) Façamos dos desdobramentos de nossos talentos uma espécie de investimento e, como todo investimento, os benefícios advindos desse alastramento do bem serão obtidos no amanhã (Cl 3.23, 24).

2.3 Responsabilidade no tempo confiado
Nenhum homem jamais alcançou lugares ou resultados elevados sem que tenha empregado sabiamente seu tempo. O estudante que aplica bem o seu tempo, o atleta que valoriza cada minuto e o agricultor que prepara o terreno no tempo adequado são mais bem-sucedidos. Isso não pode e nem deve ser diferente na vida do servo de Deus. Qualquer dia que se passe sem abraçar novas compreensões ou sem aproveitar as oportunidades, incorrerá em perdas irreparáveis. Provérbios 10.4 lança uma luz para quem objetiva alcançar êxito no que empreende fazer: “O que trabalha com mão remissa empobrece, mas a mão dos diligentes vem a enriquecer-se”. O trabalho no Senhor não pode esperar, pois afluirá consequências eternas em dar ou não valor ao tempo. Paulo, ao advertir os cristãos de Éfeso e de Colossos sobre a necessidade de remir o tempo, nos faz compreender que o tempo tem seu “preço” (Ef 5.16; Cl 4.5). Ou seja, “remir o tempo” pode significar “comprar” o tempo, ser o dono dele. Portanto, quem se engaja nos “negócios” do Reino de Deus deve aproveitar as oportunidades, pois o Senhor não tem servos desocupados.

Na perícope do texto da parábola percebemos que não nos é permitido viver apenas contemplando o Reino, mas devemos instrumentalizar nosso corpo. Se vivermos ativamente aplicando nossas competências, as abstrações tornar-se-ão concreções. Deus nos concede tempo e habilidades e espera que usemos para benefício da humanidade e progresso de Seu Reino. Tanto os homens com habilidades comuns, como os com habilidades extraordinárias têm as mesmas oportunidades e serão avaliados e recompensados conforme suas competências (Jó 34.10-12). O nosso receio e acomodação poderão acarretar em censura e ainda impedir a nossa admissão no Reino de Deus (Mt 25.24-25).

3. Princípio das consequências
É certo que haverá o momento da prestação de contas, na qual cada indivíduo será recompensado ou punido, conforme agiu em relação aos talentos confiados. Os homens têm oportunidades e cada um pode agir de modo muito diferente em relação a elas.

3.1 O julgamento será inevitável
Embora possamos perder nossa capacidade de obedecer, Deus jamais perde a habilidade e o direito de comandar e exigir fidelidade de Seus servos (Sl 82.1). O nosso comparecimento diante de Deus para prestação de contas não é uma possibilidade, mas uma certeza (Mt 25.19). O Senhor há de trazer à tona todas as oportunidades aproveitadas ou perdidas. Cada “centavo” de talento será cobrado. O anonimato, a insignificância, a fraqueza, a imaturidade e outras desculpas, tantas vezes usadas como álibi para não assumir responsabilidades aqui, não nos manterão fora da apreciação divina. Portanto, a inevitabilidade do julgamento deve servir como incentivo para nossa diligência na aplicabilidade dos talentos que nos foram confiados.

3.2 Repreensão e condenação
A severa repreensão do Senhor ao servo descuidado (Mt 25.26) é uma evidência de que Deus julgará as pessoas não apenas por fazerem o mal, mas também por não fazerem o bem. Deixar de fazer o bem é uma das facetas do mal (Tg 4.17). A maldade do servo repreendido é demonstrada, não só por sua infidelidade, mas também por suas desculpas falsas e caluniosas (Mt 25.24). É notório que o acerto de contas não haverá como reivindicar a justiça, pois a própria justiça é quem condena. No dia do julgamento, a distinção entre o bem e o mal será rigorosamente desenhada, pois todos os véus e disfarces serão arrancados (Ml 3.18). “Senhor, Senhor”, naquele dia, será um grito de desespero vazio, já que não haverá mais oportunidade de remissão, pois a condenação já estará decretada (Mt 7.21, 23; 25.11, 12).

3.3 Reconhecimento e aprovação
Compreende-se pelo texto que os servos zelosos perceberam suas responsabilidades e logo começaram a aplicar os seus talentos. O desfecho não poderia ser diferente: a aprovação foi imediata (Mt 25.21, 23). Ser admitido à presença do Senhor e participar de Sua alegria é uma honra além da nossa compreensão. Esse reconhecimento de “bom” e “fiel” também pode referir-se à conduta e ao caráter. A cooperação entre a fé e as obras ocasionará o aperfeiçoamento do indivíduo que se habilita a servir no Reino de Deus (Tg 2.22, 26). Cada ser humano imbuído da fé em Jesus que canalizar suas habilidades em fazer o bem incondicionalmente, receberá aprovação e será recompensado (Mt 25.34).

O futuro só é incógnito para quem não se adequar ao Evangelho, pois para quem se amoldar a ele e se entregar aos afazeres do Reino, haverá recompensas.

Conclusão
Aprendemos nessa parábola que trabalhando para Deus cresceremos fortes nEle. O futuro para quem se adequar ao Evangelho e se entregar ao serviço do Reino será de recompensas, pois ouvirá do próprio Jesus Cristo: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.” (Mt 25.21).

Questionário

1.    O que representa o talento na vida do servo do Senhor?
R. Representa a oportunidade e o aproveitamento de nossa capacidade no desenvolvimento do Reino de Deus (Mt 25.14-30).

2.    O que podemos entender por “remir o tempo”?
R. Podemos entender por “comprar” o tempo, ser o dono dele (Ef 5.16; Cl 4.5).

3.    O nosso encontro com o Senhor para prestação de contas é uma possibilidade?
R. Não, é uma certeza (Mt 25.19).

4.    O que jamais devemos deixar de fazer?
R. O bem (Tg 4.17).

5.    O reconhecimento de “bom” e “fiel” nos arremete a quê?
R. À conduta e ao caráter (Mt 25.21, 23).


Fontes:
Bíblia Sagrada

Revista: Fidelidade – Editora Betel – 1º Trimestre de 2015

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Lição 8 Não Matarás

Lição 8 Não Matarás
22 de Fevereiro de 2015

Texto Áureo
"De palavras de falsidade te afastarás e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio."  (Êx 23.7)

Verdade Prática
O direito à vida é um bem pessoal e inalienável; sua preservação e proteção devem ser parte da responsabilidade do homem cristão.

Leitura Diária
Segunda - Gn 9.5,6  A vida deve ser protegida porque o homem é a imagem de Deus
Terça - Dt 19.4    Pena para o homicídio culposo, quando não há intenção de matar
Quarta - Dt 27.24,25   Pena para o homicídio doloso, quando há intenção de matar
Quinta - 1 Sm 2.6   Somente Deus, o Doador da vida, tem o direito de tirá-la
Sexta - Mt 5.21,22   O Senhor Jesus condenou o assassinato e o ódio
Sábado - Jo 10.10   O Senhor Jesus veio para que todos tenham vida

Leitura Bíblica em classe
Êxodo 20.13; Números 35.16-25
13  Não matarás.
Números 35.16-25
16  Porém, se a ferir com instrumento de ferro, e morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.
17  Ou, se a ferir com pedra à mão, de que possa morrer, e ela morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.
18  Ou, se a ferir com instrumento de madeira que tiver na mão, de que possa morrer, e ela morrer, homicida é; certamente morrerá o homicida.
19  O vingador do sangue matará o homicida: encontrando-o, matá-lo-á.
20  Se também a empurrar com ódio, ou com intento lançar contra ele alguma coisa, e morrer;
21  ou por inimizade a ferir com a sua mão, e morrer, certamente morrerá o feridor; homicida é; o vingador do sangue, encontrando o homicida, o matará.
22  Porém, se a empurrar de improviso, sem inimizade, ou contra ela lançar algum instrumento sem desígnio;
23  ou sobre ela fizer cair alguma pedra sem o ver, de que possa morrer, e ela morrer, e ele não era seu inimigo nem procurava o seu mal,
24  então, a congregação julgará entre o feridor e o vingador do sangue, segundo estas leis.
25  E a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e a congregação o fará voltar à cidade do seu refúgio onde se tinha acolhido; e ali ficará até à morte do sumo sacerdote, a quem ungiram com o santo óleo.

Objetivo Geral
Apresentar o sexto mandamento, ressaltando o propósito de Deus pela proteção da vida

Objetivos específicos
Ao lado, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I.              Tratar a abrangência e o objetivo do sexto mandamento.
II.            Ressaltar a importância da vida para Deus.
III.           Apresentar o significado jurídico do homicídio.
IV.          Descrever a punição do homicida.

Interagindo com o professor
Vivemos em uma sociedade marcada pela violência; por isso, esta é uma oportunidade ímpar para tratar a respeito do sexto mandamento - não matarás. Para muitos que não conhecem a Deus e a sua Palavra, a vida humana parece ter perdido o seu valor. Todos os dias milhares de pessoas matam e morrem por coisas triviais. A vida é um dom de Deus e, ao cometer um homicídio, além de estar infringindo a lei dos homens, a pessoa está indo contra o próprio autor e galardoador da vida, Deus.

Comentário

Introdução
O sexto mandamento manifesta o propósito de Deus pela proteção da vida. Sua vontade é que os seres humanos façam o mesmo. O tema é abrangente e complexo, razão pela qual deve ser estudado com diligência. A lei diz "não matarás". Isso não contraria a guerra, a pena capital e o próprio pensamento cristão? Mas o assunto não se encerra por aí. Esse é o tema do presente estudo.

I. O Sexto mandamento

1. Abrangência. Este é o primeiro mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples com duas palavras: "Não matarás" (Êx 20.13; Dt 5.17). A legislação mosaica dispõe sobre o tema ao longo do Pentateuco, cuja abrangência fala contra a violência, o assassinato premeditado e o não premeditado. Temas como guerra, pena capital, suicídio, aborto e eutanásia são pertinentes ao sexto mandamento.

2. Objetivo. O sexto mandamento reflete o ensino geral do Antigo Testamento sobre o respeito à santidade da vida. O Senhor Jesus incluiu aqui o ensino sobre o amor (Mt 5.21,22). No novo concerto Ele inclui "pensamentos e palavras, ira e insultos". O Novo Testamento considera homicida quem aborrece a seu irmão (1 Jo 3.15). O objetivo deste mandamento é religioso e social, com o propósito de proteger a vida e trazer a paz entre os seres humanos (Mt 5.44; Rm 12.18).

3. Contexto. "Não matarás" já era um mandamento antigo, mas agora é introduzido de uma forma nova. O respeito à vida era conhecido na Antiguidade pelos mesopotâmios, egípcios e gregos, entre outros. O Código de Hamurabi (1750 a.C.), rei da Babilônia, é um exemplo clássico, contudo não se revestia de autoridade divina. Essa é a primeira distinção entre os códigos antigos e a revelação do Sinai. A outra é que Deus pôs sua lei no coração e na consciência dos demais povos (Rm 1.19; 2.14,15).

Ponto Central
A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la.

Síntese do tópico I
Deus criou e deseja preservar a vida humana. 

Subsídio Teológico
"Não matarás (20.13). 'Assassinar' é mais precioso aqui do que 'matar'. A palavra hebraica rasah  é a única sem paralelo em outras sociedades do segundo milênio a.C.Ela identifica 'morte de pessoas'; e inclui assassinatos premeditados executados com hostil intenção e mortes acidentais ou homicídios culposos. Dentro da comunidade da aliança, precisava-se tomar um grande cuidado para que ninguém perdesse a vida, mesmo por acidente. O termo rasah não é aplicado em mortes na guerra ou em execuções judiciais" (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse Capítulo por Capítulo. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 64).

II. Importância

1. Da vida. A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn 9.6). Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39). Três grandes personagens da Bíblia pediram a morte e não foram atendidas: Moisés, Elias e Jonas (Nm 11.15; 1 Rs 19.4; Jn 4.3). Tudo isso nos mostra que a vida pertence a Deus, e não a nós mesmos. Deus sabe a hora em que a vida humana deve cessar,  Ele é o soberano de toda a existência.

2. Não matar. A proibição do sexto mandamento é não assassinar. O verbo hebraico ratsach, "matar, assassinar, destruir", aparece 47 vezes no Antigo Testamento, em sua maior parte nos textos legais. A primeira ocorrência é nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). A tradução mais precisa das palavras lo e tirtsach seria: "não assassinarás", ou "não cometerás assassinato", pois "não matarás" é uma expressão genérica. O dispositivo mosaico proíbe o homicídio premeditado, o assassinato violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv 24.17). O termo refere-se também a homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3).

3. Etimologia. São raros os termos correspondentes ao verbo ratsach nas línguas cognatas; só no norte da Arábia foi encontrado o verbo radaha, "quebrar em pedaços, estilhaçar". O termo ratsach não é usado na guerra nem na administração da justiça e não aparece no contexto judicial e militar. Parece haver uma única ocorrência em que ele é aplicado à pena de morte (Nm 35.30), mas estudos mostram que originalmente a ideia do verbo era de vingança de sangue.

Síntese do tópico II
É Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o direito legal de pôr fim à vida.

III. Procedimento Jurídico

1. Significado do homicídio. O homicídio é o maior crime que um ser humano pode cometer. A proibição do assassinato, apesar de constar dos códigos de leis anteriores ao sistema mosaico, já havia sido estabelecido pelo próprio Criador desde o limiar da raça humana: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem" (Gn 9.6). É contra Deus que o homicida está desferindo seu golpe ao tirar a vida de alguém, pois a imagem é a representação de uma pessoa ou coisa.

2. Homicídio doloso (Nm 35.16-21). Aqui são dadas instruções específicas acerca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, "com instrumento de ferro" (v. 16), "com pedra à mão" (v. 17) ou ainda "com instrumento de madeira" (v.17), ou por qualquer outra forma (vv.20,21), e a pessoa golpeada morrer, o autor da ação é considerado homicida. O substantivo "homicida", rotseach, vem do verbo ratsach e aparece repetidas vezes aqui. Trata-se de homicídio doloso.

3. Homicídio culposo (Nm 35.22-25). Era o crime involuntário e acidental, razão pela qual o autor não devia morrer, e a lei estabeleceu o procedimento a ser seguido para livrar o réu da pena de morte. Ele precisava se refugiar numa das cidades de refúgio até provar que o homicídio fora acidental (Dt 19.4-6). A outra maneira de escapar das mãos do vingador do sangue era agarrar-se nas pontas do altar (Êx 21.12-14; 1 Rs 1.50, 51). Esses dois recursos equivalem ao habeas corpus concedido atualmente.

Síntese do tópico III
Ao tirar a vida de alguém, o homicida está infringindo a lei dos homens e agindo diretamente contra o próprio autor da vida, Deus

Subsídio Teológico
"Cidades de Refúgio - Entre as 48 cidades dadas aos levitas em Israel, seis, por ordem de Deus, foram indicadas como cidades de refúgio, ou asilo, para o 'homicida' (Nm 35.6,7). O próprio Moisés escolheu três delas no lado leste do rio Jordão: Bezer para os rubenitas, Ramote, em Gileade, para os gaditas; Golã, em Basã, para os manassitas (Dt 4.41-43). Mais tarde, na época de Josué, as outras três foram indicadas na parte oeste do Jordão. Elas estavam convenientemente situadas nas regiões  norte, central e sul da terra que habitavam. Seriam construídas e mantidas abertas estradas para essas importantes cidades (Dt 19.3).
Em Hebreus 6.18 está indicado que as cidades de refúgio eram um tipo de Cristo. O apóstolo faz alusão a isso quando fala daqueles que fugiram procurando um refúgio, e também da esperança oferecida a eles. Nós procuramos o refúgio em Cristo, e nEle estamos a salvo do Vingador do sangue divino (Rm 5.9)" (PFEIFFER, Charles F. (Ed). Dicionário Bíblico Wycliffe. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp. 417-18).


IV. Punição

1. O sangue de Abel. O termo "sangue" de Abel em "A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra" (Gn 4.10), está no plural, no hebraico, que segundo o Talmude, antiga literatura religiosa dos judeus, significa "sangue de sua descendência" ou seja: "todo aquele que destruir uma vida em Israel a Escritura reputa como se tivesse destruído o mundo inteiro" (Sanedrin 4.5). Tal crime interrompe para sempre a posteridade da vítima. Em Hebreus é dito que o sangue da aspersão, de Cristo, fala melhor do que o sangue de Abel (Hb 12.24). Isso porque o sangue de Jesus clama por misericórdia, mas o de Abel por vingança (Gn 4.10,11).

2. O vingador. A lei dava o direito ao "vingador do sangue" (Nm 35.19,21b), goel, em hebraico, "redentor, remidor, vingador", de matar o assassino onde quer que o encontrasse. Vingar o sangue era, no Oriente Médio, uma questão de honra da família (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21). Era uma grande desonra para a família não vingar o assassinato de um ente querido. Isso é mantido ainda hoje nessa parte do mundo. Porém, o Senhor Jesus mandou substituir a vingança pelo perdão (Mt 5.38,39). 

3. Expiação pela vida. O crime de assassinato podia ser expiado por uma das duas maneiras estabelecidas na legislação mosaica. A primeira, no caso de homicídio doloso, em que uma vida é expiada por outra (Nm 35.31), o assassino deve ser morto, ou seja, era "vida por vida" (Êx 21.23). A segunda diz respeito ao homicídio culposo, a busca de proteção em uma das cidades de refúgio. A expiação, nesse caso, é a morte do sacerdote da cidade (Nm 35.25)

Síntese do tópico IV
Não havia expiação para homicídio doloso; já para o homicídio culposo, havia as cidades de refúgio


Conclusão
O Senhor Jesus vinculou o sexto mandamento à doutrina do amor ao próximo. Devemos manter nossa posição em favor da paz e da fraternização dizendo "não" à violência em suas diversas modalidades, para a glória de Deus

Para Refletir
Sobre o sexto mandamento:

O homem tem o direito de tirar a vida do outro?
Não. Explique que a vida é um dom de Deus e homem algum tem o direito de tirá-la.

O que você entende por "a santidade da vida"?
Resposta livre, mas deixe claro que a vida é um dom divino e, por isso, santa.

Por que ninguém tem o direito de tirar a vida do outro?
Porque ela é um dom de Deus. Logo, somente Ele tem o direito de dar fim aos dias de uma pessoa.

Deus perdoa quem comente o assassinato?
Se houver arrependimento sincero, Ele perdoa.

Quanto ao "aborto", a posição do crente deve ser contrária. Comente.
Sim. O aborto é o assassinato de uma vida.

Vocabulário
Homicídio culposo - Quando uma pessoa mata outra, mas sem que tivesse esta intenção.
Homicídio doloso - Quando há intenção de matar

CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 61, p.40.
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