segunda-feira, 24 de abril de 2017

Lição 5 Jacó, Um Exemplo de um Caráter Restaurado



Lição 5 Jacó, Um Exemplo de um Caráter Restaurado
30 de Abril de 2017

TEXTO ÁUREO
(Rm 9.13)
"Como está escrito: Amei Jacó? e aborreci Esaú."

VERDADE PRÁTICA
Com base em sua presciência e propósitos, Deus escolhe pessoas para que cumpram seus desígnios.

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 27.11,12 A mentira traz maldição
Terça - Gn 27.41 Quando o ódio se torna mortal
Quarta - Gn 27.20 Jacó mentiu ao próprio pai
Quinta - Gl 6.7 O que o homem planta, isso colherá
Sexta - Rm 5.20 Onde abundou o pecado superabundou a graça de Deus
Sábado - Sl 133.1 Deus quer que os irmãos vivam em união

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis 25.28-34; 32.24, 27, 28,30

Gênesis 25
28 - E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto; mas Rebeca amava a Jacó.
29 - E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo e estava ele cansado.
30 - E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso, se chamou o seu nome Edom.
31 - Então, disse Jacó: Vende-me, hoje, a tua primogenitura.
32 - E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer, e para que me servirá logo a primogenitura?
33 - Então, disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó.
34 - E Jacó deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e foi-se. Assim, desprezou Esaú a sua primogenitura.

Gênesis 32
24 - Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subia.
27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.
28 - Então, disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel, pois, como príncipe, lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste.
30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.

OBJETIVO GERA
Mostrar que Deus escolhe pessoas para que cumpram seus desígnios.

HINOS SUGERIDOS: 46, 77, 432 da Harpa Cristã

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

Apresentar a origem de Jacó;
Mostrar a direção de Deus na vida de Jacó;
Refletir a respeito de alguns aspectos do caráter de Jacó

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Na lição deste domingo, estudaremos a respeito do caráter de Jacó. Ele nasceu agarrado ao calcanhar de seu irmão primogênito e recebeu o nome de "enganador". Todavia, Deus em seus desígnios já o havia escolhido e revelado aos seus pais que o primogênito serviria ao caçula. Jacó fez jus ao seu nome ao comprar a primogenitura de seu irmão e ao mentir e enganar seu pai. Seu engano e mentira levaram-no para longe de casa e fez com que ele também fosse enganado por seu tio Labão. Mas Jacó teve um encontro com Deus e foi transformado por Ele. Todo encontro com Deus é transformador. Ninguém sai da presença do Pai da mesma maneira que entrou. Atualmente, muitos apenas ouviram falar a respeito de Deus, mas na verdade nunca tiveram um encontro real e pessoal com Ele. Somente Deus, o Criador, pode transformar o nosso verdadeiro "eu".

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO
Isaque teve dois filhos gêmeos. Esaú tinha uma inclinação para o campo, para vida pastoril e também para a caça. Jacó, ao contrário, pelo seu temperamento e por sua personalidade,  voltou- se para vida doméstica. Logo revelou ter um caráter oportunista e usurpador, que o levou a enganar o pai com apoio da mãe. As consequências foram duras em sua vida. O que plantou, colheu com grande sofrimento. Mas a misericórdia de Deus o alcançou e o Senhor o escolheu para ser o pai das doze tribos de Israel.

PONTO CENTRAL
Deus escolhe pessoas para que cumpram seus desígnios. 

I - QUEM ERA JACÓ 

1. O filho mais novo de Isaque. Seu nome, em hebraico, é Yakoov e significa "Deus protege". Ele integra a lista dos três patriarcas hebreus, que marcaram a história de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Sua história foi pontilhada de episódios dramáticos desde o seu nascimento. Deus ouviu as orações de Isaque, pois Rebeca era estéril (Gn 25.21). O texto diz que, no ventre, havia uma luta entre os bebês (Gn 25.22). Jacó nasceu agarrado ao calcanhar do seu irmão. Diante disso, o seu nome passou a ter o significado de "aquele que segura pelo calcanhar" ou "suplantador".

2. O preferido de sua mãe. Isaque tinha preferência por Esaú, por que gostava da caça. Mas Rebeca amava mais Jacó, por ser "varão simples, habitando em tendas" (Gn 25.27,28). Quando Isaque quis dar a bênção a Esaú, o primogênito (Gn 27.1-5), Rebeca, numa demonstração clara do seu caráter astucioso, chamou Jacó e o induziu a enganar seu pai (Gn 27.11,12,14,15). Enganado, Isaque abençoou Jacó (Gn 27.27-29). Ao retornar da caça, Esaú descobriu que seu irmão tomara sua bênção. Desesperado, recebeu do pai uma bênção menor (Gn 27.39,40). Cheio de ódio, planejou matar seu irmão (Gn 27.41). Jacó teve que fugir ameaçado por Esaú. Isaque percebeu que Deus tinha um plano na vida de Jacó, e o despediu com uma bênção profética de grande significado (Gn 28.1-4).

3. O preferido de Deus. A escolha de Jacó é um caso especial de presciência divina face aos desígnios de Deus. Deus não tem filhos privilegiados, nem escolhe uns para a salvação e outros para a condenação, pois tal atitude contrariaria frontalmente o seu caráter santo, justo e bom. Seria uma terrível discriminação por parte de Deus que condena quem faz acepção de pessoas (Tg 2.9; 1 Pe 1.17). Mas, em sua soberania, em casos especiais, Ele escolhe pessoas para serem instrumentos de sua vontade diretiva. Jacó foi um desses escolhidos, ainda no ventre (Rm 9.9-13).

Deus escolhe pessoas para serem instrumentos de sua vontade diretiva.

SÍNTESE DO TÓPICO I
Jacó foi escolhido por Deus ainda no ventre de sua mãe.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Abraão, Isaque e Jacó estão entre as mais importantes pessoas do Antigo Testamento. Isto não se deve ao seu caráter pessoal, mas ao caráter de Deus. Eles foram homens que conquistaram o respeito relutante  e até mesmo o medo de seus colegas. Eram ricos e poderosos, e ainda assim, os três foram capazes de mentir, enganar e agir com egoísmo. Eles não eram os heróis perfeitos que poderíamos ter esperado; em vez disso, eram exatamente como nós; tentavam agradar a Deus, mas não conseguiram. " (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p. 56).
CONHEÇA MAIS
*Jacó
"Era o terceiro no plano de Deus para iniciar uma nação descendente de Abraão. O sucesso deste plano se deu mais 'apesar de' do que 'em razão da vida de Jacó. Antes de Jacó nascer, Deus prometera que seu plano se desenvolveria através dele, e não de seu irmão gêmeo, Esaú. Embora os métodos de Jacó nem sempre fossem respeitáveis, suas habilidades, determinação e paciência tinham de ser reconhecidas. Ao acompanharmos sua vida desde o nascimento até à morte, vemos a mão de Deus trabalhando." Para conhecer mais leia, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p. 46.

II - A DIREÇÃO DE DEUS NA VIDA DE JACÓ

1. A visão da escada que tocava o céu. Em sua fuga, no meio do deserto, Jacó teve um sonho dado por Deus. Ele viu uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus, e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. E Deus reiterou a bênção que lhe prometera (Gn 28.13-15). Deus não aprovou seus arranjos e enganos, mas também não retirou a bênção prometida a seus pais. Naquela noite, ele descobriu a presença de Deus, que se apresentou como o Deus de Abraão e de Isaque. Ele ouviu Deus reiterar suas promessas e descobriu que onde Deus está, ali é sua casa, "a porta dos céus" (Gn 28.13-17).

2. A coluna em Betel. Jacó não buscou a Deus, mas Deus o buscou, e se revelou como o Deus de seus pais. Uma prova do quanto a graça de Deus é profunda. Sem dúvida alguma, a história de Jacó se divide em dois períodos. Antes de Deus encontrá-lo e depois daquele encontro especial. Tão impactante na sua vida foi aquele episódio, que ele chamou aquele lugar deserto de Betel, que significa "Casa de Deus". Ali, naquela madrugada, Jacó ouviu Deus lhe falar; sentiu a presença divina e teve uma mudança extraordinária em sua vida.

SÍNTESE DO TÓPICO II
Depois de deixar a casa dos seus pais, Jacó buscou a direção de Deus para sua vida.

Jacó não buscou a Deus, mas Deus o buscou.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Jacó fazia tudo, o certo e o errado, com grande zelo. Ele enganou seu próprio irmão Esaú, e seu pai, Isaque. Ele lutou com Deus, e trabalhou catorze anos para se casar com a mulher que amava. Por intermédio de Jacó, aprendemos como um forte líder pode, também, ser um servo. Também vemos como ações erradas sempre voltam para nos perturbar.
Depois de enganar Esaú, Jacó correu para salvar sua vida, viajando mais de 640 quilômetros até Harã, onde vivia seu tio, Labão. Pelo caminho, ele recebeu uma mensagem do Senhor, em um sonho, e deu a esse lugar o nome de Betel. Em Harã, Jacó se casou e iniciou uma família" (Extraído de Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p. 58).

III - ASPECTOS DO CARÁTER DE JACÓ

1. Antes do seu encontro com Deus. Até o encontro com Deus em Betel, ele era apenas um "homem natural", ou carnal (1 Co 2.14). Naquela fase de sua vida, podemos ver alguns aspectos negativos de seu caráter.
a) Oportunista e egoísta. Quando seu irmão chegou com fome e lhe pediu para comer do seu guisado, ele poderia ter-lhe oferecido de sua comida, compartilhando sua refeição. Mas, numa prova de oportunismo e ambição, disse logo: "Vende-me hoje a tua primogenitura" (Gn 25.31).
b) Interesseiro e calculista. Jacó era frio, calculista e de temperamento fleumático. Além de propor a troca da primogenitura ao irmão, exigiu que Esaú fizesse um juramento que lhe garantisse que a troca seria respeitada por toda a vida: "Então, disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó" (Gn 25.33; Hb 12.16). Ele só esquecia uma coisa. O que ele estava plantando em sua juventude haveria de colher mais tarde (Gl 6.7). Em proporção muito maior.
c) Mentiroso e enganador. Com seu caráter fraco e leniente, concordou com a sua mãe em enganar o velho pai. Ao chegar à presença de Isaque, mentiu três vezes. Este perguntou: "Quem és tu, meu filho?". Ele disse que era Esaú (Gn 27.19). A primeira mentira. Indagado porque chegara tão rápido com a caça, mentiu a segunda vez, dizendo: "Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro" (Gn 27.20). Ao abraçar Jacó, Isaque repetiu que era Esaú - "Eu sou" (Gn 27.24). Mentiu pela terceira vez.

2. Depois do seu encontro com Deus. Observe a transformação no caráter de Jacó:
a) Um caráter agradecido. Jacó passou a ver as coisas numa perspectiva espiritual de um novo relacionamento com Deus, e lhe fez um voto, dizendo que se Deus não lhe deixasse faltar nada, levantaria um altar e daria o dízimo "de tudo" (Gn 28.20-22). Neste fato, vemos que Jacó tinha consciência do valor do dízimo, como expressão sincera de gratidão a Deus, a exemplo do que fizera seu avô, Abraão, perante Melquisedeque (Gn 14.18-20). Ele não prometeu dar o dízimo do que lhe sobrasse (da "renda líquida"), mas "de tudo" como seu avô fizera (Hb 7.2).
b) Um caráter esforçado e sofredor. Ao chegar à casa de Labão, seu tio, revelou-se um homem trabalhador. Ali, começou a colher o que semeara em engano e mentira. Na "lua de mel", foi enganado pelo sogro. Em lugar de casar com Raquel, teve de casar com Leia. Só depois, casou com sua amada, e para tanto, trabalhou "outros sete anos" (Gn 29.21-30). Não foi apenas esse o preço que Jacó teve que pagar por sua vida de enganos e mentiras. Labão mudou o seu salário dez vezes, durante vinte anos (Gn 31.7). O que o homem semeia, isso é o que colhe (Gl 6.7).
c) Um homem na direção de Deus. Depois de ser enganado pelo sogro, Jacó reuniu sua família e fugiu de Harã. Mas não o fez apenas por medo do sogro. Sua saída de Harã foi por direção de Deus (Gn 31.3, 13). Desse modo, Jacó empreendeu a fuga com a família, e logo foi perseguido pelo sogro. Este não pôde lhe fazer mal, porque Deus entrou em ação e lhe determinou que não falasse com Jacó "nem bem nem mal" (Gn 31.24).
3. No seu encontro com Esaú. Ao se aproximar de Seir, onde seu irmão vivia, Jacó enviou mensageiros a Esaú, anunciando seu retorno. Os mensageiros voltaram e disseram que Esaú vinha ao seu encontro com quatrocentos homens. Jacó temeu grandemente (Gn 32.7-12). Mas, no Vale do Jaboque, teve um encontro que marcou o resto da sua vida. Seu nome foi mudado para Israel, e viu Deus "face a face" (Gn 32.22-30). Ao encontrar Esaú, reconciliou-se com ele e o abraçou com perdão e amor.

SÍNTESE DO TÓPICO III
Antes de ter um encontro com Deus Jacó era oportunista, mentiroso e enganador.

CONCLUSÃO
Em suas experiências com Deus, vemos que Jacó teve seu caráter transformado. De oportunista e enganador, passou a ser humilde, sofredor, paciente, longânimo, altruísta. Foi pela sua paciência e graça que Deus escolheu Jacó, em lugar de Esaú. Quando damos lugar ao Espírito Santo, Ele nos transforma radicalmente o caráter.

PARA REFLETIR
A respeito de Jacó, um exemplo de caráter restaurado, responda:

Que significa o nome Jacó?
"Aquele que segura pelo calcanhar" ou "suplantador".

Por que Esaú aborreceu a Jacó?
Por causa da bênção que seu pai deu a Jacó por engano.

Quantas vezes Jacó mentiu a seu pai por ocasião da bênção?
Três vezes.

O que Jacó prometeu a Deus se fosse abençoado em sua viagem?
Dar o dízimo de tudo.

Que aconteceu com Jacó, no vau de Jaboque?
Seu nome foi mudado para Israel, e viu Deus "face a face".

CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 70, p38. Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição.  São artigos que buscam expandir certos assuntos.

Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Adultos, professor, O Caráter do Cristão – Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro, Comentarista Elinaldo Renovato, 2º trimestre 2017.

Lição 5 AS EXIGÊNCIAS BÁSICAS DA JUSTIÇA SOB A ÓTICA DE JESUS



Lição 5 AS EXIGÊNCIAS BÁSICAS DA JUSTIÇA SOB A ÓTICA DE JESUS
30 de abril de 2017

Texto do dia
(Lc 17.10)
"Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer."

Síntese
O bem deve ser feito pelo simples fato de isso ser correto e recomendável, e não para proporcionar status ou visibilidade social.  

Agenda de leitura
Segunda - Is 58.2-12 O verdadeiro jejum
Terça -Ef 2.10 Criados para o bem
Quarta - Dt 10.17-19 O Criador não faz acepção de pessoas
Quinta - Tg 4.17 O pecado de omissão
Sexta - Dt 24.14-22 A justiça de Deus
Sábado - Tg 2.14-17 A fé sem obras é morta

Objetivos
INVESTIGAR a atualidade do primeiro ato de justiça;
DIFERENÇAR a prática da oração sincera do exercício mecânico da oração;
ESTIMAR a prática consciente do jejum

Interação
"Fazer o bem sem olhar a quem". Trata-se de um ditado conhecidíssimo, mas o quanto será que ele tem sido praticado? Aferir com precisão tal questionamento é impossível. Na verdade, mesmo que fosse possível essa ação não seria ética e nem biblicamente correta, pois não se deve ajudar a quem quer que seja e tornar o auxílio conhecido ou publicá-lo. Estender as mãos a quem precisa deve ser uma atitude cuja motivação e satisfação seja, simplesmente, o próprio ato de ajudar e nada mais. O exercício da piedade, que é muito mais amplo que a prática dos três atos básicos de justiça do judaísmo, conforme instruiu Paulo a Timóteo, é proveitoso sob quaisquer circunstâncias (1 Tm 4.8). Além do auxílio aos menos favorecidos, a oração, como prática piedosa e forma de comunicar-se com Deus, deve ser cultivada para garantir a saúde espiritual do crente. Ela não deve se transformar em prática mecânica, motivo de orgulho por parte de quem "ora mais" que os outros e coisas afins. Semelhantemente o jejum, sua prática não pode converter-se em uma razão para que um se destaque dos demais, mas como uma forma de demonstrar gratidão e domínio próprio.

Orientação Pedagógica
Para esta oportunidade, faça a seguinte pergunta aos alunos: "O que Jesus estava dizendo quando afirmou que "não saiba a tua mão esquerda o que fez a tua direita"? Ouça os alunos com atenção. Ressalte que o Mestre estava ensinando que o real motivo para dar a Deus e ao próximo deve ser puro, ou seja, sem segundas intenções. Infelizmente, muitos até fazem algo em favor do outro, mas esperando receber algum tipo de benefício. Em seguida, utilize o texto abaixo, extraído da Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal, página 1333, para discutir com os alunos a respeito do dar sem esperar nada em troca: "É mais fácil fazer o que é certo, quando recebemos reconhecimento e louvor. Mas devemos fazer nossas boas obras silenciosamente ou em segredo, sem pensar em recompensa. Jesus diz que devemos examinar nossos motivos em três áreas: generosidade (Mt 6.4), oração (Mt 6.6) e jejum (Mt 6.18). Esses atos não devem ser egocêntricos, mas centrados em Deus, feitos não para que pareçamos generosos ou bons, mas para que Deus pareça bom. A recompensa que Deus promete não é material, e nunca é dada aos que a buscam. Fazer algo somente para nós mesmos não é um sacrifício de amor. Na sua própria boa obra, pergunte a si mesmo: será que eu ainda faria isso se ninguém jamais soubesse que eu o fiz?"      

Texto bíblico
Mateus 6.1-8,16-18
1 Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
4 para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.
7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes.
16 E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
17 Porém tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto,
18 para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO
Os chamados “atos básicos de justiça do judaísmo” — esmola, oração e jejum — eram os pilares principais da religião oficial de Israel. Apesar de serem atos prezados pelos judeus, assim como contrapôs a justiça dos escribas (Mt 5.20), mostrando que a do Reino vai muito além (Mt 5.21-48), o Mestre procede da mesma maneira em relação à justiça dos fariseus (Mt 6.1-8,16-18). Jesus demonstra que mesmo tais atos não são piedosos em si mesmos, antes o que determina a sinceridade e a pureza deles é a atitude do coração, a intenção desprovida de qualquer outro interesse a não ser ajudar as pessoas como forma de gratidão a Deus, bem como orar e jejuar visando o estreitamento da relação com
o Pai, pois Ele contempla o coração e não apenas o exterior (1 Sm 16.7 cf. Lc 18.9-14).

I - PRIMEIRO ATO DE JUSTIÇA? - A ESMOLA

1. Os deveres de Israel para com os pobres. Por também ter sido estrangeiro e peregrino em "terra estranha", esperava-se do povo de Israel sensibilidade e solidariedade com as pessoas menos favorecidas, bem como em relação ao órfão, à viúva e ao estrangeiro (Dt 10.17-19; 24.14-22). Ciente da obstinação e dureza do coração humano, Deus, através de Moisés, ordena que em caso de sobra em uma colheita, não se deve "rebuscar", isto é, repassar a mesma área do campo para ver se não ficou nada ainda a ser colhido ou recolhido, pois tal sobra era uma provisão divina a essas pessoas (Dt 24.19-22).

2. A atualidade da prática de auxiliar os pobres. A despeito de a prática de auxiliar os pobres estar sendo observada nos dias de Jesus (Mt 26.6-9), e até no tempo da igreja do primeiro século (Gl 2.10), o Mestre sabia que mesmo as ações virtuosas podem ser praticadas com motivações escusas. Por isso, Ele não contesta o ato de justiça de ajudar, mas chama a atenção para os motivos que, para além das aparências, podem não ser tão nobres (v.1 cf. Mt 19.21,22; Jo 12.4-6).

3. A atitude de quem ajuda. Não é de censura a instrução de Jesus acerca do auxílio aos menos favorecidos, ou seja, os pobres devem ser ajudados e assistidos em suas necessidades por aqueles que possuem mais condições (Mt 25.31-46; At 20.35). A observação do Mestre diz respeito não unicamente à motivação, mas também quanto à discrição com que se deve fazer o bem, ou dar esmolas às pessoas necessitadas. O Mestre utiliza expressivas figuras de linguagem ao falar de "tocar trombetas" (motivação de fazer publicidade) e também de "a mão esquerda não saber o que faz a direita" (falta de discrição) (vv.2,3). Em outras palavras, se a finalidade é ajudar e não se autopromover com a necessidade e o problema alheio, então deve-se agir discreta e sigilosamente, pois do contrário já se terá recebido a recompensa aqui mesmo, nada devendo esperar do Pai celestial em seu tribunal de galardão (vv.2,4 cf. 1 Co 3.12-15).

Pense
Você acredita que, observando o texto de Gálatas 2.10, e depois de estudar esse tópico, a igreja tem alguma responsabilidade em relação aos pobres?

Ponto Importante
O que fica claro foi que Jesus não aboliu a boa prática de auxiliar os menos favorecidos, mas advertiu acerca do cuidado de se fazer publicidade com a situação miserável das pessoas.

II - SEGUNDO ATO DE JUSTIÇA - A ORAÇÃO

1. Orar com discrição. De forma semelhante, o Mestre trata da oração (v.5). Como alguém que orava muito (Lc 6.12,13; 11.1; Mt 14.23; 26.36-46; Lc 22.44), Jesus não desaconselha a prática da oração, antes a afirma (Mt 26.41; Lc 18.1). Contudo, o Mestre dá instruções muito claras acerca do cuidado com a discrição no momento de se falar com Deus (v.5). Ele refere-se ao perigo de querer mostrar-se piedoso, e não da posição física ou mesmo do ato de orar em público em algum momento (Mt 11.25,26; Lc 18.10-14). Quem quer mostrar-se piedoso a fim de obter aplausos e admiração pública nada deve esperar da parte de Deus em termos de galardão.   

2. Orar secretamente. A oração sigilosa é a prática recomendada pelo Mestre (v.6). A quem utilizava tal expediente para destacar-se, a observação do Senhor soava como afronta. Os fariseus costumavam agir dessa maneira e, certamente, ficaram aborrecidos e desapontados por causa da orientação de Jesus (Mt 23.14). No entanto, como ilustra a história de Agar e Ismael, Deus não apenas ouve orações secretas e até mesmo o choro, mas os atende (Gn 21.14-21).

3. O perigo de a oração degenerar-se em vãs repetições. A advertência do Senhor não se restringe a não orar como os hipócritas (os fariseus), mas para se cuidar com o perigo de a prática da oração não degenerar-se em artifícios, ou seja, adotar a forma pagã de orar como aqueles que não têm conhecimento de Deus. Estes achavam que usando mantras (fórmulas repetitivas para se pronunciar), obteriam o favor divino (v.7). Na verdade, como Criador, o Pai já sabe tudo o que o ser humano necessita (v.8 cf. vv.26-34). É curioso o fato de Jesus advertir para o perigo de que a prática hipócrita pode acabar levando à prática pagã, degenerando completamente a oração. 

Pense
Depois de aprender com essas orientações do Senhor, como devemos proceder ao orar?
Ponto Importante
O perigo de se orar com motivações mesquinhas, de acordo com o que ensina Jesus, é acabar levando as pessoas ao paganismo de achar que desenvolvendo mantras, suas orações se tornarão eficazes e, consequentemente, atendidas.

III - TERCEIRO ATO DE JUSTIÇA - O JEJUM

1. A prática do jejum no Antigo Testamento. Considerando o volume de texto, são poucas as referências a respeito do jejum no Antigo Testamento. A recomendação na Lei, por exemplo, era que se fizesse uma vez ao ano na chamada Festa da Expiação (Lv 16.29-34). Outras referências à prática do jejum no Antigo Testamento têm uma relação direta com a crença e a devoção pessoais (2 Sm 12.16-23; 2 Cr 20.3; Ed 8.21; Ne 9.1; Et 4.3; Jl 2.12; Jn 3.5, etc.). 

2. O jejum no Novo Testamento. Jesus falou acerca do jejum unido à oração com finalidades bem definidas (Mt 17.21). Já os fariseus jejuavam, ritualística e religiosamente, duas vezes na semana (Lc 18.12). A fim de que não restassem dúvidas de que eles estavam jejuando, os fariseus adotavam outros procedimentos que caracterizavam a prática e, assim, garantiam a si próprios que as pessoas reconheceriam que eles estavam jejuando (v.16 cf. Mt 11.21; Lc 10.13).

3. O verdadeiro jejum. O Mestre diz que, tal como a prática de dar esmolas e orar, o jejum deve ser discreto e ter motivações nobres, pois do contrário a pessoa já recebia sua recompensa (v.16). Assim, o ensino de Jesus objetiva a discrição ao jejuar, pois se tal ato visa agradar a Deus, não há necessidade alguma de que isso transpareça a outros (vv.17,18). Ademais, é sempre oportuno lembrar-se do jejum requerido por Deus em Isaías 58.2-12.

Pense
Sendo uma prática devocional, devemos convocar um jejum coletivo?

Ponto Importante
A não ser por questões puramente espirituais, a forma de jejum mais aconselhável é a de praticar a justiça social exposta em Isaías 58.2-12.

SUBSÍDIO1
"As Esmolas (6.1-4)
Jesus presume que dar aos pobres é a norma. Ele não diz: 'Se, pois deres', mas: 'Quando, pois, deres'. Sua admoestação aqui é contra dar aos pobres pelos motivos errados. A razão que Jesus apresenta para fazer caridade sem ser visto, é que a generosidade ostentosa não resulta em recompensa 'do vosso Pai, que está nos céus'. Mateus frequentemente levanta a questão de pagamento e recompensa. O substantivo 'galardão' (misthos, às vezes traduzido por 'salário, recompensa') ocorre vinte e nove vezes no Novo Testamento, sendo encontrado dez vezes em Mateus; o verbo 'recompensar' (apodidomi, v.4) aparece quarenta e oito vezes no Novo Testamento, e é achado dezoito vezes em Mateus. Estes ensinos sobre pagamento e recompensa por boas e más ações são usualmente colocados no contexto de julgamento do tempo do fim. Jesus chama 'hipócritas' (hypocrites) os que dão pelos motivos errados. Este é linguajar forte para descrever as atividades dos seus inimigos, ainda que anteriormente Ele tivesse advertido contra tais epítetos indiscriminados (Mt 5.22). Atividades auto-ilusórias atraem acentuada crítica de Jesus, e Ele acha necessário chamar a atenção das pessoas para o perigo. O termo hypocrites era originalmente usado para descrever atores apropriado aqui, visto que o doador ostentoso está desempenhando para uma audiência" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.49-50).

SUBSÍDIO2
"As Esmolas (6.1-4)
O verbo 'serdes visto' (theaomai, v.1) implica 'espetáculo'; origina-se da mesma família de palavras da qual provém a palavra 'teatro'. Esta 'justiça teatral' pode enganar os seres humanos, mas o ato destinado do motivo puro de honrar a Deus através de um viver correto (Bruner; 1998a, p.229). 'Fazer tocar trombeta' (v.2) é uma expressão figurativa que significa 'chamar a atenção para alguém', pois não há evidência de que os fariseus jamais tenham subido em 'palcos' públicos sob o clangor de trombetas. Ao fazerem esmola eles buscavam a própria glorificação das pessoas, em vez de dar aos pobres como ato de agradecimento voltado à glória de Deus.
O que vem a seguir em Mateus é puramente Jesus: 'Em verdade vos digo que [amem] já receberam o seu galardão' (v.2). 'Já receberam' tem um sentido contábil, indicando que foi feito pagamento total e um recibo foi dado. O contrato foi cumprido; eles receberam pelo que negociaram? uma audiência iludida. Mas Deus não é iludido (Gl 6.3,7). O objetivo do afeto para o verdadeiro esmoleiro é principalmente Deus. A justiça que excede a dos fariseus (cf. Mt 5.20) busca proeminentemente agradar a Deus" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.50).

ESTANTE DO PROFESSOR
BOYER, Orlando. Espada Cortante. Vol 1. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

CONCLUSÃO
Ao utilizar, nas três recomendações dos atos de justiça, a expressão "hipócritas", o Mestre faz alusão aos fariseus, cujo qualificativo depreciador, tornou-se sinônimo deles (vv.2,5,16 cf. Mt 15.1,7; 16.1,3,6,12; 22.15-18 etc.). A advertência era que as pessoas não se tornassem, tal como aqueles religiosos, hipócritas, isto é, fingidos. Tal advertência continua atualíssima para os dias atuais.

Hora da revisão

Quais são os três "atos de justiça do judaísmo"?
Esmola, oração e jejum.

Jesus aboliu a prática de dar esmolas? 
Não, pois os pobres devem ser ajudados e assistidos em suas necessidades por aqueles que possuem mais condições (Mt 25.31-46; At 20.35).

O Mestre disse algo a respeito da posição em que se deve orar ou proibiu se orar em público?
Não, Ele apenas orientou acerca do perigo de querer mostrar-se piedoso (Mt 11.25,26; Lc 18.10-14).

De acordo com o que Jesus ensinou, como se deve agir ao ajudar, orar ou jejuar?
Tudo deve ser discreto e ter motivações nobres, pois do contrário a pessoa já recebia sua recompensa.

Fale a respeito do jejum de Isaías 58.2-12.
Resposta pessoal.

Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens, professor, O Sermão do Monte – A Justiça sob a Ótica de Jesus, Comentarista César Moisés Carvalho, 2º trimestre 2017.